Os custos dos planos de saúde aumentaram quase R$ 49 bilhões entre 2012 e 2017. Deste valor, 70% são provenientes do aumento no uso do convênio médico, segundo levantamento feito pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), entidade que reúne os 100 maiores hospitais do país.
Especialistas do setor de saúde costumam dizer que os custos dos planos crescem devido à introdução de tecnologias e ao envelhecimento da população, que demanda mais tratamentos médicos. O estudo da Anahp não nega esses argumentos, mas aponta que o peso maior da conta deve-se ao aumento no uso dos convênios.
Martha Oliveira, diretora-executiva da Anahp, atribui esse aumento a uma combinação de dois fatores: o consumidor teme que será demitido e, por isso, utiliza mais o plano antes de ficar sem ele; e a oferta de especialidades médicas cresceu, em detrimento da clínica geral. "A culpa é do nosso sistema de saúde que é desorganizado. Não há um médico centralizador dos atendimentos. O usuário procura vários especialistas que, por sua vez, indicam vários exames, muitas vezes repetidos", diz.
Entre 2012 e 2017, o número de procedimentos feitos pelos usuários aumentou de 21,1 por ano para 28,1. A quantidade de terapias teve alta de 8,7%; seguida de exames (6,9%), outros atendimentos ambulatoriais (6,9%), consultas médicas (2%) e internações (1,4%).
O estudo, feito em parceria com a consultoria Compass, mostra ainda que a margem bruta das operadoras de planos de saúde subiu 93,5%, para R$ 26,9 bilhões entre 2012 e 2017. Desse total, as empresas abatem custos administrativos e comerciais, que consomem boa parte da margem - indicando que o setor ainda sofre com ineficiência operacional.