A gestora de fundos de private equity Vinci Partners fechou, na sexta-feira, a aquisição de 70% da rede de medicina diagnóstica Cura, de São Paulo. A outra fatia de 30% permanece com o fundador, o médico Jacob Szejnfeld. É o primeiro negócio da Vinci no setor de saúde.
A gestora já investiu em empresas como a rede de lanchonetes Burguer King, a instituição de ensino Uniasselvi, a locadora Unidas e a seguradora Austra l, entre outras.
A rede de laboratórios Cura é o segundo investimento do fundo III da Vinci, que está em fase de captação e pretende levantar cerca de R$ 3 bilhões. O primeiro aporte deste fundo foi na rede de pizzaria Domino's.
A gestora deverá fazer um aporte de R$ 300 milhões no Cura, apurou o Valor. Esses recursos destinam-se à compra do controle e a um possível aumento de capital. A rede de laboratórios será ampliada, organicamente e via aquisições. Atualmente, Cura conta com três unidades na capital paulista. A meta é abrir mais oito em São Paulo até 2022. O crescimento para outros Estados deve ocorrer por meio de aquisições. Vinci e Cura foram procurados, mas preferiram não se pronunciar.
Fundado há 40 anos e especializado em exames de imagem, Cura esteve no radar, como alvo de aquisição, de investidores e grupos concorrentes nos últimos anos. A rede tem faturamento anual de R$ 120 milhões e margem Ebitda (lucro antes de impostos, depreciação e amortização) de 25%.
As negociações entre Vinci e Cura levaram cerca de ano. Neste período, executivos da gestora fizeram vários encontros com representantes das operadoras e seguradoras de saúde para sentir se elas estavam dispostas a credenciar novas unidades do Cura.
Diante do atual cenário de economia fraca, e forte redução de usuários de planos de saúde nos últimos três anos, as operadoras estão resistentes a credenciar novos laboratórios. Com a sinalização positiva das operadoras, a Vinci decidiu apostar no setor, mesmo com tantos grandes grupos de medicina diagnóstica já estabelecidos no mercado. Há no país, 23 mil unidades de laboratórios desse tipo.
Atualmente, há quatro empresas de capital aberto desse setor que cresceram com aportes de fundos de private equity. O Pátria investiu na Dasa e na Alliar, a Advent foi acionista do Fleury e o Gávea fez aportes no Hermes Pardini. Há ainda o Sabin, que não tem ações em bolsa nem fundo de private equity como investidor, mas é um grupo que tem crescido com aquisições.
Todas essas empresas enxergam que há potencial de expansão por conta do envelhecimento da população. Idosos tendem a demandar mais exames médicos. A demanda por exames personalizados baseados em genética tem aumentado. E também cresce o uso de tecnologia para otimizar custos e dar maior precisão aos exames.
O mercado nacional de medicina diagnóstica registrou faturamento de R$ 35,4 bilhões no ano passado. Em relação ao volume, foram realizados 817 milhões de exames de análises clínicas e imagem, o que representa um crescimento de 3% quando comparado a 2016, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). A rede privada representa 40% de todos os exames realizados no país.
No ano passado, cerca de 29 milhões de pessoas foram atendidos nos laboratórios privados de medicina diagnóstica. Desse total, 67% são mulheres, segundo levantamento da Abramed