Empresas defendem novos modelos de plano de saúde em encontro com a ANS
31/08/2018
Maior transparência na apresentação de custos, acesso a informações sobre os gastos com os funcionários do plano coletivo contratado pela empresa e novos modelos de planos de saúde foram as principais demandas apresentadas pelo setor industrial em encontro realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nesta quinta-feira no Rio, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

— É preciso ampliar o debate sobre o custo dos planos de saúde contratados pelas empresas, que são a maioria, sendo mais de um terço deles concentrados na indústria. Temos de discutir como ampliar a qualidade no atendimento com acessibilidade financeira, sob risco de tornar o benefício corporativo inviável, que é o que se quer evitar — ponderou Pablo Cesário, gerente executivo de relacionamento com o Poder Executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O evento foi desenhado para que a agência pudesse apresentar a grandes empresas contratantes de planos de saúde para seus colaboradores como funciona a regulação atual, explicando desde a contratação do benefício e a manutenção do plano para aposentados e demitidos, passando pelos mecanismos de fiscalização e monitoramento da saúde financeira das operadoras do setor, à qualidade da assistência prestada e os caminhos para reduzir a sinistralidade.

— A ANS está se mostrando aberta à discussão, tendo considerado ouvir o que diz o setor produtivo e isso já é bom. Mas é preciso avançar na prática com a regulação — pondera Cesário.

Os direstores da ANS, informou a agência, "destacaram a importância do engajamento dos contratantes e sugeriram que eles se tornem cada vez mais gestores da relação com os planos de saúde, deixando de ter apenas um papel de intermediação", principalmente pelo custo do benefício para os contratantes e do peso que essas companhias têm na saúde suplementar, já que dois terços dos planos são empresariais.

PLANOS CHEGAM A UM QUINTO DA FOLHA DE PAGAMENTO DA INDÚSTRIA

Com a alta do preço dos planos de saúde e o cenário de crise, empresas de todo o país vêm implementado programas de gestão de saúde e estudando alternativas para reduzir os gastos com o benefício oferecido aos funcionários. Na indústria, onde os planos de saúde representam de 15% a 20% da folha de pagamento, de acordo com a CNI, já há um grupo de 45 grandes companhias trabalhando juntas para pressionar a ANS a permitir que as operadoras possam oferecer novos modelos de planos.

Outra demanda do setor é para mudar o atual modelo de remuneração dos planos de saúde, que é feito por serviço, o chamado fee for service, passando para um pagamento por performance. Essa medida, segundo a ANS, independe de qualquer regulação, e já vem sendo feito por algumas operadoras de saúde.

— Esses grandes contratantes são os financiadores da saúde suplementar. O debate entre eles, as operadoras de saúde e a agência é importante. Todos entendem as dificuldades e necessidades de aprimoramento do sistema, do quanto é preciso mudar o modelo de remuneração. No encontro, as empresas puderam também apontar outros itens a serem discutidos, como o custo de incorporação de novas tecnologias na cobertura dos planos de saúde e os desperdícios causados por fraudes — disse Marcos Novais, economista-chefe da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), destacando que companhias com carteiras de até 30 mil funcionários estavam presentes no evento.

O custo permeia também uma das principais bandeiras da ANS atualmente que é o estímulo a promoção de saúde e prevenção de doenças, tema que também foi abordado no evento.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) também destacou que o encontro foi marcado pela demanda por mais informação e transparência das operadoras de saúde. "É um debate positivo e necessário. Em se tratando de combate à escalada dos custos em saúde, todos devem estar do mesmo lado", disse Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da entidade, por meio de nota.
 




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