Com um bilhão de fumantes no mundo e 20 milhões no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a conscientização é a principal aliada para se prevenir as várias doenças e mortes precoces relacionadas ao hábito de fumar. Por isso, datas como o Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto, são tão importantes, na avaliação dos profissionais de saúde.
O Brasil é referência mundial no combate ao tabagismo. Dados recentes do Ministério da Saúde apontam que a frequência do consumo do tabaco entre os fumantes nas capitais brasileiras reduziu em 36%, no período de 2006 a 2017. Mas o tabagismo continua fazendo vítimas no País. Para o biênio 2018-2019, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima a ocorrência de 18.740 casos novos de câncer de pulmão entre homens e de 12.530 entre as mulheres.
A forte associação do cigarro com o câncer de pulmão acontece pelo fato do tabagismo ser responsável por 80% a 90% dos casos da doença. A coordenadora de Oncologia Clínica do Hospital Leforte, Dra. Fauzia Naime, lembra que as estatísticas mundiais mostram que este é o tumor que mais mata, com uma alta incidência que também pode ser comprovada na prática clínica.
Por outro lado, a especialista enfatiza que o câncer de pulmão não é mais considerado uma sentença de morte. “Se compararmos com os tratamentos que tínhamos nas décadas de 1980 e 1990, em que a média de sobrevida dos pacientes girava em torno de seis meses, houve uma grande evolução. Hoje, estamos na era molecular, com a identificação dos drive genes, que fazem as células se proliferarem continuamente. Ao identificá-los é possível desenhar drogas específicas, que consequentemente geram uma resposta melhor ao tratamento.”
Além do câncer de pulmão, a coordenadora de Oncologia Clínica do Hospital Leforte ressalta que há vários outros tipos de tumores associados ao tabaco, como boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, fígado, intestino, útero, bexiga. O fumo também pode provocar outras doenças, como asma, efisema, bronquite, infarto agudo do miocárdio, angina, derrame cerebral e outras.
São aproximadamente 200 mil pessoas no Brasil e cinco milhões no mundo que morrem anualmente em decorrência da exposição aos produtos do tabaco. O tabagismo é a principal causa de morte evitável e fator de risco para seis das oito doenças que mais matam, dentre elas infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, doenças pulmonares obstrutivas crônicas e tuberculose.
De acordo com a especialista do Hospital Leforte, não há outro caminho para se evitar doenças graves e letais que não seja evitar o fumo direta e indiretamente. Afinal, ao fumar são inaladas em torno de 4.700 substâncias tóxicas, sendo a nicotina a causadora da dependência.
Para os que tentam parar de fumar sozinhos, a taxa de sucesso é muito baixa, apenas 6%, de acordo com a Dra. Fauzia. “Às pessoas que têm planos de saúde recomendo que procurem um pneumologista e, também, grupos de apoio. Para os que não têm, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito em suas unidades, com profissionais capacitados. Informações podem ser obtidas pelo número 136 do Ministério da Saúde”, orienta.