Três oncologistas que trabalhavam juntos no Instituto Nacional do Câncer, no Rio - Monica Schaum, Mauro Zukin e Nelson Teich - abriram, há 23 anos, uma pequena clínica em Ipanema. A operação cresceu e hoje a Clínicas Oncológicas Integradas (COI) possui três unidades e vai investir R$ 50 milhões para abrir mais duas no Estado do Rio, com apoio da gestora de fundos de "private equity" Axxon Group.
Os sócios da COI também planejam ampliar a rede a outros Estados como Minas Gerais e Espírito Santo. Além disso, pretendem fundar um hospital particular especializado em oncologia, com espaço para cirurgias e internação.
O setor de oncologia de alta precisão está se expandindo no país. A Rede D'Or, por exemplo, investiu R$ 30 milhões para abrir seu próprio centro, em 2011, em um prédio anexo ao Hospital Quinta D'Or no Rio. Em São Paulo, a Beneficência Portuguesa investiu R$ 13 milhões para ampliar seu setor, batizado agora de Centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes.
Nos últimos anos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também tem estimulado os investimentos, ao incluir no rol de tratamentos obrigatórios, terapias mais avançadas, não só de radiologia ou quimioterapia por infusão, como medicamentos que só podem ser dosados e administrados por especialistas.
Em 2011, os três médicos da COI iniciaram o plano de expansão. Com ajuda do Axxon - que adquiriu cerca R$ 60 milhões em debêntures emitidas pela COI, segundo o Valor apurou -, foram iniciados os projetos de expansão.
"Eles não atuam na administração direta das clínicas, mas participam do plano de expansão como consultores financeiros, na logística e, claro, na cobrança de resultados. Também ajudaram muito a organizar o capital da empresa", diz a médica e sócia da COI Monica Shaum.
Os dois novos prédios ainda estão em construção e devem ser inaugurados no primeiro trimestre de 2014. Eles vão receber aparelhos de radiologia. A médica acrescenta que, no tratamento de câncer, quanto mais precisão tiver o aparelho, menos efeitos colaterais. "Você pode aumentar a dose de radiação, sem destruir as células saudáveis. Isto é essencial porque reduz o tempo e aumenta a eficácia", explica.
Cada aparelho custa, em média, R$ 10 milhões, dependendo da cotação do dólar. Além disso, é preciso fazer uma obra de proteção no prédio porque, como se trata de utilização de energia nuclear, precisa ser autorizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. "Hoje temos clientes que vêm de São Gonçalo (grande Niterói) para se tratar na Barra. A clínica de Niterói vai atender melhor esta demanda e permitir também alcançar pacientes até da Região dos Lagos".
Foram comprados dois novos aparelhos de radiologia da fabricante americana Varian, um Trilogy, para Niterói, e o mais moderno, o Truebeam, para a nova sede de Botafogo - custaram cerca de R$ 18 milhões e esse gasto faz parte do plano de investir R$ 50 milhões. "Somos a primeira clínica na América Latina a ter o Truebeam. Depois do nosso, chegará um aparelho para o [ Hospital Albert] Einstein em São Paulo".
O aumento da competição, com os investimentos das grandes redes, e a possível entrada do Einstein no Rio, não assusta os médicos. Monica Schaum diz que é necessário que os pacientes tenham mais opções de tratamento. "Hoje, todos os nossos aparelhos estão ocupados 24 horas. Há uma demanda muito grande". Com a inclusão nos próximos meses de mais doenças no rol de tratamentos pela ANS, a demanda vai crescer ainda mais, diz ela.
Atualmente a COI atende 3.700 pacientes por mês. Em 2011 eram 2.100 e no ano passado, 2.700. As novas clínicas devem permitir que este número ultrapasse a marca dos 4.000. Em 2012, a COI faturou R$ 120 milhões. Cerca de 70% dos pacientes são clientes de planos de saúde. A COI mantém convênio com as operadoras Bradesco Seguros, Sul América Seguros e Golden Cross.
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