O comércio eletrônico deve movimentar R$ 28 bilhões este ano no país, 20% mais que em 2012, de acordo com estudos do e-Bit. O crescimento vem ancorado no aumento do uso de tablets e smartphones pelos brasileiros, que já realizam 2,5% das compras eletrônicas via dispositivos móveis. Comprar de produtos a serviços com um simples toque na tela do celular ou do tablet atrai consumidores e gente disposta a investir na área. É o caso dos portais de delivery dos mais variados tipos de produtos, principalmente de alimentação, que nos últimos meses têm assistido a um grande movimento de fusões e aquisições.
"Até 2014 esperamos que pelo menos um milhão de pessoas efetuem compras de comida por meio de smartphones", afirma Felipe Fioravante, CEO da iFood, site de pedidos de comida por delivery. A startup recebeu este ano um aporte de R$ 5,5 milhões da Mobile, empresa nacional que fornece conteúdos e serviços pelo celular.
O dinheiro será usado para alçar o portal à posição de líder em transações efetuadas pela internet e por smartphones nos próximos dois anos.
Os primeiros resultados já começaram a aparecer. Antes do aporte, o iFood permitia acessos via Androide e iPhone. Em janeiro, passou a aceitar, também, pedidos via tablet. "Em cinco meses o volume de pedidos via mobile saltou de 20% para 50%", comemora Fioravante.
Criado em 2011, o iFood conta com cerca de 1.300 restaurantes cadastrados nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza, Santos, Jundiaí e Campinas que, juntos, deverão somar até dezembro 125 mil pedidos delivery por mês, em comparação aos 30 mil registrados no ano passado.
Fioravante assinala que as pizzarias respondem por 40% dos pedidos realizados na média nacional e, em São Paulo, por nada menos do que 62% do volume. No total, a plataforma reúne 370 pizzarias, o equivalente a 35% dos estabelecimentos registrados. "Nosso grande diferencial está no aplicativo que permite ao cliente escolher, por exemplo, pizza meio a meio, com ou sem borda recheada como se ele tivesse solicitando o pedido pessoalmente ou pelo telefone", afirma o executivo.
O grande desafio do portal, segundo Fioravante, é convencer os donos de restaurantes que a venda on-line tem características próprias e, portanto, não dá para simplesmente replicar o cardápio físico na tela.
"O convencimento ainda é feito pessoa por pessoa. É na conversa, na ponta do lápis, que mostramos aos empresários que as vendas on-line podem aumentar em 20% o faturamento do negócio, mesmo o portal cobrando uma taxa de 10% do valor de cada pedido".
Mais jovem do que o iFood, o portal HelloFood, empresa de pedidos de delivery on-line, chegou ao Brasil em fevereiro deste ano via Rocket Internet, uma das maiores incubadoras de startups do mundo, depois de acumular experiência em 27 outros países. Em seis meses de operação provocou mudanças significativas no mercado de delivery on-line de alimentação, com a aquisição dos portais Janamesa e MegaMenu. A aquisições agregaram mais 800 restaurantes ao portfólio do HelloFood, que já soma mais de mil parceiros.
Um dos únicos portais disponíveis em três idiomas (português, espanhol e inglês) o HelloFood traz como diferenciais o sistema de busca de endereço integrado ao Google Maps e não pelo CEP, o que facilita o acesso; disponibilidade de aplicativos para iPhone, Androide e internet, operando 100% on-line, além de um sistema de comunicação via SMS.
"Toda vez que o cliente faz o cadastro é encaminhado um código por SMS para validação da operação, o que diminui o número de fraudes", afirma Marcelo Ferreira, co-CEO do HelloFood Brasil. "O cliente, por sua vez, consegue acompanhar o status do seu pedido também via SMS, além do e-mail."
Segundo levantamento feito pela GS&MD Consultoria, a procura por delivery de alimentação é uma das estratégias que mais crescem no ramo de food service, sendo a opção de compra de 59% dos brasileiros. O produto pizza lidera os pedidos seja pelo telefone, seja web.
Foi de olho nas estatísticas que o empresário Rogério Corrêa abriu, em 2004, em São José dos Campos, interior paulista, Os Muzzarellas, delivery de pizzas quadradas, que este ano deve faturar R$ 6,6 milhões. Quatro anos depois, a rede já realizava promoções a fim de direcionar a clientela para os pedidos on-line, com destaque para o Programa Fidelidade, que a cada 10 pizzas adquiridas via internet ganhava uma. Os resultados foram aparecendo à medida que a população foi se acostumando a fazer pedidos on-line.
Hoje, as 11 unidades da rede de franquias contam com 61 mil clientes cadastrados, recebem cerca de 50% dos pedidos on-line, com tíquete médio 20% maior do que no delivery convencional. "Nosso objetivo é somar 65% dos pedidos on-line até 2014", afirma Corrêa. Segundo ele, o sistema é um facilitador para o cliente na hora de fazer o pedido.
Permite agendar o horário de entrega, disponibiliza o cardápio com mais de 30 sabores entre salgadas, doces e linha fit, oferece combos para baratear a compra, com uso de login e senha, viabiliza a personalização do acesso com apelidos, gerados pelo comprador, para as pizzas que mais solicita e para diferentes endereços de entrega, e também o acúmulo de pontos para troca de produtos, além de facilitar o pagamento, feito diretamente no portal.
"Para o franqueado, o sistema contribui para controle financeiro e administrativo, redução de quadro de funcionários, já que tudo é feito on-line, e fidelização de clientes, disponibilizando, por exemplo, questionários respondidos pós-venda, cadastros e frequência de compra", afirma Corrêa.