Com um prejuízo de R$ 120 milhões no ano passado e perda de 180 mil clientes nos últimos 18 meses, a Unimed Paulistana faz nova tentativa para sanar seus problemas. Contratou Augusto Cruz, primeiro presidente do Grupo Pão Açúcar, no início dos anos 2000, quando Abilio Diniz foi para a presidência do conselho. Cruz trabalha com a meta de gerar até o fim deste ano um caixa de R$ 120 milhões, o que representa 6% da receita líquida. No ano passado, o caixa ficou negativo em R$ 63,6 milhões.
"Há grandes falhas administrativas nas contas médicas que nos fazem perder o controle do faturamento", disse Cruz, há dois meses na Unimed Paulistana como CEO. O executivo, dono da consultoria MCF, dá um exemplo. Quando o cliente de uma Unimed de outras praças é atendido na cidade de São Paulo, a Unimed Paulistana é quem paga o procedimento. Depois, a cooperativa médica do cliente faz o reembolso. Porém, segundo Cruz, em 100% desses casos há problemas como atrasos de pagamento, reembolso menor ou na pior das situações não é feito o acerto. E os procedimentos médicos envolvendo clientes de outras regiões representam cerca de R$ 60 milhões por mês, o equivalente a 15% da receita.
Uma análise detalhada das despesas da operadora, feita pela PriceWaterhouseCoopers, indica, segundo Cruz, que é possível reduzir em 20% os custos, eliminando os problemas administrativos.
Neste ano, a previsão é que o faturamento empate com o de 2012, ou seja, algo próximo de R$ 2 bilhões. Não haverá crescimento porque a empresa, com 810 mil clientes, está proibida de vender cerca de 30 tipos de planos de saúde, que representam 30% do total. "Não adianta crescermos na atual situação. Precisamos nos organizar primeiro", afirmou.
A fim de arrumar a casa foi criado um organograma que tem Cruz à frente, Antonio Rampasso (ex- Xerox) como diretor operacional e Claudinei Peres (ex- Banco do Brasil) no cargo de diretor financeiro. "Todas as questões de gestão, administrativas, processos e contratos estão sob minha responsabilidade", diz Cruz, que tem contrato com a direção da Unimed até dezembro, podendo ser renovado. Os assuntos médicos continuam sendo tratados por Paulo Leme de Barros (presidente), Valdemir Silva (diretor financeiro) e David Serson (diretor secretário).
Segundo Cruz, que também tem uma longa passagem pela Bunge, neste ano os 2,5 mil médicos cooperados não serão acionados para cobrir perdas. No ano passado, os associados foram chamados para fazer aportes em um fundo destinado a cobrir as provisões exigidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Além de organizar as falhas administrativas, Cruz está trabalhando para melhorar o relacionamento com prestadores de serviços. Dois grandes hospitais de São Paulo, o Samaritano e o Nove de Julho, deixaram de atender os clientes da Unimed Paulistana neste ano.
Uma das frentes do executivo é mudar a forma de remuneração dos procedimentos médicos realizados nos hospitais. Ele defende a adoção do pagamento por pacote de serviços - um parto, por exemplo, teria um valor fixo. Hoje, os planos de saúde pagam cada serviço e itens utilizados nos procedimentos como medicamentos, sala cirúrgica, além dos honorários médicos. Segundo ele, já houve conversas com os hospitais Santa Catarina, Rede D'Or, Alemão Oswaldo Cruz e Samaritano que se mostraram receptivos à mudança.
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