Maior farmacêutica do país, a EMS tem em curso um agressivo plano de expansão, que elevará a 1 bilhão de caixas de medicamentos por ano a capacidade produtiva em suas fábricas e consumiu mais de R$ 800 milhões em investimentos nos últimos cinco anos. Ao mesmo tempo em que dá sequência ao projeto, que resultará em expansão de mais de 50% frente ao volume produzido em 2017, o laboratório se prepara para implantar uma "solução" de indústria 4.0 da Bosch, que também deve ampliar de maneira "significativa" a capacidade produtiva.
"O objetivo claro é aumentar eficiência e produtividade, fabricar mais com menos recursos. Todos estão falando, mas pouco fazendo", disse ao Valor o vice-presidente de Operações da farmacêutica, Tobias Henzel. Conforme a EMS, é a primeira vez que uma farmacêutica investe nesse tipo de tecnologia na América Latina.
De acordo com Henzel, a EMS já enxergava grande potencial na indústria 4.0 e iniciou os contatos com a Bosch no ano passado, durante a feira Interpack em Düsseldorf, na Alemanha. A gigante alemã é referência dessa nova abordagem na Europa e desenvolveu uma solução específica para a indústria farmacêutica, que é customizada conforme a necessidade de cada laboratório - no caso da EMS, equipes da Alemanha e do Brasil trabalharão em conjunto nesse desenvolvimento.
As conversas ganharam contornos formais em fevereiro deste ano e o contrato efetivo foi firmado na semana passada, no complexo fabril de Hortolândia (SP), com a presença, entre outros executivos, do presidente da Bosch América Latina, Besaliel Botelho, e do presidente do conselho de administração do grupo NC, dono da EMS, Carlos Sanchez.
Na etapa piloto de implantação da nova tecnologia, que abarca uma das 14 linhas de produção de embalagens na fábrica de Hortolândia, a expectativa é de ganhos de produção de pelo menos 10%. O projeto será executado no quarto trimestre e inicialmente se concentra em duas áreas, produtividade e melhoria de manutenção.
"São dois pilotos separados: como posso conectar linhas de embalagens numa primeira etapa e verificar as causas para paradas em máquinas e como minimizá-las", explicou Henzel. Com a experiência inicial bem sucedida, a EMS estenderá já no ano que vem a indústria 4.0 para toda a produção de embalagens em Hortolândia e, mais à frente, para outras fábricas como as de Manaus (AM) e Brasília (DF).
Em dois ou três anos, quando a nova tecnologia tiver conectado todos os equipamentos da EMS, será possível usar os dados coletados para operar as máquinas de maneira mais previsível, comentou o executivo.
No ano passado, a EMS produziu 650 milhões de caixas de medicamentos e, em 2018, deve chegar a 700 milhões de unidades produzidas. Com a continuidade do plano de expansão, a previsão é chegar a 850 milhões de unidades em 2019 - atingindo 1 bilhão após a conclusão do projeto, com todas as unidades fabris funcionando a plena capacidade. Hoje, o principal segmento da EMS é o de prescrição médica, com 38% das vendas, seguido de genéricos, com 36%. O restante das vendas vem das áreas de medicamentos isentos de prescrição, marcas e hospitalar.