Foi oficialmente lançado no dia 23, em São Paulo, o Registro Nacional de Implantes – RNI, que vai cadastrar todas as cirurgias que impliquem em implante de prótese de quadril, joelho e de stents cardiológicos. O programa vai gerar um banco de dados vital para que se conheça a durabilidade da prótese no organismo do paciente, quantos procedimentos são feitos em cada hospital, qual o índice de sucesso dos procedimentos, bem como estatísticas sobre o sexo e a idade dos pacientes, pois as próteses de quadril, por exemplo, geralmente são implantadas em idosos e após fratura, que pode ser indicativa de osteoporose.
A presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, Patrícia Fucs, relata que há muito tempo a entidade se preocupa com a coleta de informações estatísticas sobre próteses ósteo-articulares, tanto que participou do projeto-piloto juntamente com o Ministério da Saúde, a Universidade Federal de Santa Catarina e a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.
Na área ortopédica, que diz respeito à SBOT, o projeto teve coordenação Luiz Carlos Sobania e Sergio Okane. Eles explicam que com o envelhecimento da população brasileira está mudando o perfil epidemiológico do País nessa área, com uma tendência de aumento da demanda de cirurgias envolvendo próteses, por isso a necessidade de informações estatísticas abrangendo todo o País.
O projeto-piloto foi desenvolvido em alguns hospitais onde foi implementado, analisado e adequado no que fosse necessário, e agora será expandido para o restante do Brasil. As estatísticas do SUS indicam que em 10 anos o Brasil implantou 120 mil próteses de quadril e mais de 60 mil de joelho, mas até agora não existia um programa para aferir os detalhes desses procedimentos.
“Com o RNI saberemos quais as próteses que resistem mais tempo sem necessidade de substituição, quais as condutas terapêuticas com maior índice de sucesso e qual a melhoria da qualidade de vida do paciente”, explica Sobania, pois o sistema vai registrar não apenas as informações sobre a cirurgia, mas permite que se acompanhe a reação do paciente anos depois de ter recebido a prótese.
Patrícia Fucs lembra que depois que a Suécia se tornou pioneira num programa de rastreabilidade das próteses, Canadá, França, Austrália, Inglaterra, Nova Zelândia e mais recentemente os Estados Unidos passaram a desenvolver a mesma ferramenta. Ela é útil inclusive como subsídio para as políticas de saúde pública, e certamente o Brasil também vai se beneficiar à medida que se acumularem informações importantes sobre as cirurgias de implante de próteses de joelho e de quadril.