O governo brasileiro quer fechar até julho um entendimento com a indústria de alimentos para estabelecer rótulos com alerta sobre o excesso de açúcar em alimentos processados. A informação foi dada hoje pelo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, ao participar da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra.
Ele afirmou que o governo "estrutura medidas" para reduzir o açúcar nesses alimentos. A discussão sobre o novo modelo de rotulagem e o estabelecimento de metas para diminuir o excesso de açúcar é conduzida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A assessoria do ministro forneceu dados novos do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel): o excesso de peso atingiu 54% da população das capitais brasileiras e 18,9% estão obesos, com aumentos de 36% e 42% respectivamente em 2017 em relação ao ano anterior.
Além disso, 7,8% dos estudantes brasileiros de 13 a 17 anos são obesos, sendo a proporção maior entre meninos (8,3%) que meninas (7,3%). Entre crianças de 5 a 9 anos, 16,6% são obesas e 34,8% estão com excesso de peso. A ingestão de alimentos ultraprocessados começa antes dos dois anos: 32,3% das crianças nessa faixa etária consomem refrigerantes e sucos artificiais com frequência e 60,8% comem biscoitos e bolachas recheadas.
O ministério diz que o Brasil acompanha de perto políticas fiscais e regulatórias de outros países para a redução do consumo de açúcar. Destacou que, entre as iniciativas em discussão com a indústria, está o Plano Nacional de Redução de Açúcar em Alimentos Industrializados.
Segundo a pasta, o modelo é similar ao adotado com o setor para a redução do sódio, de que, de acordo com dados oficiais, foram retirados 17 mil toneladas entre 2008-2016.
"Estamos engajados na adoção de políticas concretas e efetivas para conter o avanço da obesidade", disse Occhi, reiterando que as medidas que o governo tomará poderão levar os consumidores a fazer escolhas mais saudáveis.
Em Genebra, o ministro destacou também que o governo tem intensificado a vigilância epidemiológica nas regiões de fronteira, em parceria com vizinhos sul-americanos. O Brasil, disse, tem enfrentado casos de sarampo, na fronteira norte do país, e a febre amarela de forma coordenada com a OMS e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).