Bayer vê Brasil como fundamental para a sua estratégia
14/05/2018

Pelo sexto ano consecutivo, a divisão farmacêutica da Bayer prospera em crescimento na América Latina. O aumento de vendas, em cerca de 5%, posicionou a região entre as de crescimento mais acelerado no segmento da empresa em 2017, totalizando mais de €1,1 bilhões em vendas. Um aumento de 4,3% em relação ao período anterior, que já havia sido um record.

Fomos até o México na Conferência Anual para Imprensa da Bayer conversar com Eduardo Magallanes, Vice-presidente da divisão farmacêutica da Bayer LATAM sobre o segmento e o papel do Brasil na estratégia da empresa, e com Dr. Gerhard Albrecht, diretor médico da Bayer no país sobre a importância da centricidade do paciente, do auto gerenciamento de saúde e novas iniciativas da farmacêutica em relação à medicina personalizada

No início do evento, Eduardo ambientou os presentes sobre o desempenho do segmento em vendas em relação ao grupo. A Bayer faturou €35 bilhões globalmente no ano passado, sendo que a divisão farmacêutica foi responsável por 48% do montante, ou seja, cerca de €17 bilhões. Na América Latina, o Brasil corresponde ao maior faturamento, seguido pelo México. Juntos, os dois maiores países em população, também possuem a maior fatia da região em termos de vendas totais, com 57%. Porém, em desenvolvimento de negócios, ele conta que o Brasil, apesar das taxas de crescimento positivas, ainda perde para países como Argentina, dona da maior aceleração no período. “O potencial do Brasil para a Bayer é ainda maior do que temos visto em relação a outros desenvolvimentos na América Latina. Mas continuaremos a trabalhar, porque a nível de indústria, o Brasil deve representar mais de um terço do faturamento total da região. Há uma oportunidade para posicionar melhor algumas terapias”.

Foram aportados quase €3 bilhões em pesquisa e desenvolvimento no ano passado para o segmento farmacêutico da empresa, um percentual de mais de 15% em vendas revertidos para P&D. “Nós acreditamos no investimento constante em novas soluções, o nosso compromisso com a inovação busca benefícios nas áreas de alta complexidade clínica. Ano após ano, utilizamos estes recursos para desenvolver, e trazer novas soluções para as áreas não atendidas da saúde” comentou o executivo.

O foco da empresa é, majoritariamente, nas áreas terapêuticas de cardiologia, oncologia e saúde feminina. O vice-presidente explica que o portfólio para todos os países é o mesmo, mas a abertura entre os países é diferente. “O acesso que o Brasil ou o México têm em oncologia, por exemplo, é diferente de países menores como o Equador ou a Costa Rica. É uma questão de músculo financeiro e do que os governos decidem que podem ou não financiar. No Brasil, o nosso pilar continua sendo com as marcas já estabelecidas”. Eduardo também conta que, em cardiologia, a Bayer possui mais de 50% de participação no mercado, sendo a melhor performance entre as terapias no país.

Sobre saúde pública, ele revela que a empresa já está avançando com negociações com o governo, especificamente em oncologia, para tratativas um pouco mais inovadoras do que resumir os contratos a puramente valores, e ainda completa: ”Em toda América Latina, estamos experimentando modelos de riscos compartilhados com diferentes governos, e acredito que esse seja o futuro. Temos que explorar isso para melhorar programas de acesso. Não pode ser somente mais uma questão de preço, há mais a ser discutido. O Brasil é praticamente pioneiro em tudo que há de transferência de tecnologia, e o resto da América Latina tem que continuar as tendências. A Bayer está em diálogo com os pagadores.”

Gerhard, diz que há muita sinergia entre as verticais clínica e corporativa, e que a empresa está constantemente a procura de melhorias para beneficiar os pacientes, colocando-os sempre no centro das discussões. “Traduzindo essa missão para o quê, e como vamos fazer: através do desenvolvimento de drogas inovadoras em áreas de especialidades que realmente consigam avançar na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças e, com isso, contribuir para preservar a saúde e o bem estar mundialmente”, diz ao iniciar a segunda apresentação da manhã.

Posteriormente, ele disse que um dos desafios é verificar como incluir o input do paciente nas pesquisas e suas expectativas sobre a empresa. “No momento, nós estamos planejando nosso conselho de Patient Advisory Board. Nós viemos de uma abordagem muito teórica, que não leva em conta, muitas vezes, as considerações do paciente e suas perspectivas. Estamos trabalhando em entrevistas com pacientes e reunião de dados. Queremos deixar as coisas mais fáceis para os usuários, seja através de ações científicas como otimização de medicamentos, como através de programas de suporte, com enfermeiras demonstrando como se realiza a aplicação de um medicamento injetável, ou explicar em detalhes sobre os eventos adversos, prevenção, etc..”

Ele também cita um tema amplamente discutido no setor, a medicina personalizada. O diretor médico conta que, em oncologia, já existem algumas iniciativas, como a colaboração da Bayer com a tecnologia CRISPR, que trabalha editando genes específicos. “Por medicina personalizada, nós entendemos tecnologia genômica. Nós ainda estamos em fase inicial, então não temos nenhum projeto em especial que eu possa comentar, mas sim, nós estamos trabalhando nesta área”.

Porém, ele abre que uma de suas colaborações externas, com o parceiro Loxo Oncology, já está começando a dar frutos. “Estamos falando de mutações genéticas em tumores sólidos, e um tipo de medicamento que pode suprir as necessidades de muitas variedades de câncer”. De modo simplificado e adequado a pessoas não técnicas, ele explicou que existem tipos e tipos de câncer. Aqueles que são frequentes e com baixa probabilidade de mutação, e os raros, com alta taxa de mutação, e continuou “Isso abre uma grande possibilidade para nós porque as mutações que estamos falando em específico são muito baixas, de 0,5% até 1% desses pacientes. Mas conseguindo identificar os pacientes com essa mutação genética, a chance de cura seria muito alta”

Outro assunto abordado foi o gerenciamento ativo da saúde pela própria população. Segundo ele, é uma grande oportunidade. O uso combinado de auto medicação e medicação prescrita é teoricamente o melhor approach, claro, junto com medicina genômica. Na área de consumer health, com medicamentos sem prescrição (OTC), a responsabilidade é informar os consumidores. Nesse estágio, as pessoas não são necessariamente pacientes: deve-se existir comunicação, transmissão de conhecimento, awereness… Estamos falando desde os perigos da exposição ao sol sem filtro solar, que pode ocasionar câncer de pele, a medicamentos que, se combinados, podem ser fatais. Por isso, ele ressalta, “é preciso cuidado. Por exemplo, o câncer de estômago é uma doença terrível que o paciente tem risco de morte, então é preciso realizar um diagnóstico antecipado para a cura. Mas o que aconteceria se o paciente se referisse ao câncer como dor no estômago, se ele não fosse ao médico, se ele se auto medicasse, ele perderia uma oportunidade única de ser diagnosticado em tempo de ser curado. Isso mostra a importância de um approach apropriado para a auto-medicação, para que a pessoa não negligencie uma grave doença. A auto medicação tem o seu lugar e é definitivamente algo que precisa ser realizado, mas com informação.”

Para finalizar as entrevistas, Eduardo ainda citou o engajamento da Bayer com projetos sociais. Entre eles, a implantação de um laboratório de ciências no local do evento, o Museu Papalote, localizado na Cidade do México. “Temos que criar esse apetite pela ciência porque os jovens de hoje são os cientistas de amanhã. Gerar interesse em ciência e inovação é uma das nossas prioridades”. Além disso, ele se orgulha da reputação construída pela empresa em ser reconhecida por iniciativas em diversidade e equidade. Os número trazidos pelo executivo demonstram que a porcentagem entre homens e mulheres na empresa é praticamente a mesma, e que quase 40% dos postos gerenciais são ocupados por mulheres. Outro destaque é a Fundação Bayer, preocupada com questões educativas e culturais, presente em 10 países da América Latina.





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