Desde 1998 a cirurgia robótica vem sendo utilizada nos Estados Unidos e chegou ao Brasil após 10 anos
Em abril, o Hospital Felício Rocho comemora a realização de sua 100ª cirurgia robótica. Com o uso do robô intitulado Da Vinci, o hospital vem aplicando a técnica cirúrgica desde dezembro do ano passado nas áreas de cirurgia geral, cardíaca, ginecológica, urológica, oncológica e torácica.
Sendo indicada, principalmente, para o tratamento do câncer, o robô cirurgião permite com maior precisão, a visualização de uma imagem de alta definição, magnificada e em três dimensões (3D) do local a ser tratado. Ao fazer uso de pinças articuladas, o robô guiado pelo médico, realiza uma dissecção cautelosa e minuciosa dos tecidos, sendo minimizada a ocorrência de hemorragias e, também potencializa a recuperação do paciente após o procedimento.
Menos invasiva e mais concisa, a cirurgia robótica contribui para a maior ergonomia e redução de tremores por parte de médicos cirurgiões; redução do tempo de hospitalização; diminuição do tempo de retorno às atividades cotidianas; redução da dor e de possíveis complicações no período pós-operatório; menor risco de infecção hospitalar, e redução na dose de medicamentos no pós-operatório.
O urologista, Pedro Romanelli, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-MG), atua como proctor há cerca de seis meses em cirurgias robóticas na Clínica de Urologia do Hospital Felício Rocho. Ele explica que para a obtenção da certificação do Sistema Da Vinci de Cirurgia Robótica, os médicos devem participar de treinamento específico na área e após esta etapa, o profissional é autorizado a realizar suas primeiras cirurgias, mas com a preceptoração e a orientação do chamado ‘proctor’, que é um médico instrutor.
Segundo Pedro Romanelli, a grande revolução da cirurgia robótica ocorre na área de aprendizado médico, pois com a introdução de dispositivos digitais que oferecem imagens tridimensionais de um órgão em operação, é possível que um médico esteja presente na sala de cirurgia e receba orientações em tempo real de um outro profissional a longa distância. “Na prática, é mais confortável aos pacientes contar com a presença física de todos os médicos que irão realizar suas cirurgias, assim se mantém preservada a relação de confiança existente entre os médicos e seus pacientes, mas já aconteceu de uma cirurgia acontecer nos EUA e um dos cirurgiões operar direto da França. A cirurgia robótica permite esse tipo de atuação médica”, explica.
Romanelli afirma que algumas pessoas acreditam que o robô cirurgião opera de forma independente, assim se torna imprescindível esclarecer que isso não acontece, pois, o dispositivo depende inteiramente dos comandos e experiência do médico que o opera. “ Se o cirurgião realizar um movimento errado, o robô também errará. Os robôs cirurgiões não realizam cirurgias de maneira autônoma, eles somente facilitam a prática dos movimentos durante a cirurgia”, aponta.
Desde 1998 a cirurgia robótica vem sendo utilizada nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 2008. Com cerca de 31 unidades, o robô cirúrgico é utilizado em procedimentos de alta complexidade em dez estados brasileiros e se estima que em 2018 sejam realizados oito mil procedimentos em nosso país. Diante aos benefícios da tecnologia robótica, o Hospital Felício Rocho projeta um crescimento exponencial no número de cirurgias robóticas, com a previsão de realizar mais de 250 cirurgias em 2018.
O diretor e urologista do Hospital Felício Rocho, Francisco Guerra, afirma que a cirurgia robótica é um caminho sem volta. “O impacto na evolução das vias de acesso para tratamentos cirúrgicos (cirurgia aberta, laparoscopia e agora a robótica) é contundente para os cirurgiões. No entanto, o melhor de tudo isso, é o que visualizamos e vislumbramos para os pacientes em relação aos resultados e melhoria da qualidade de vida”, conclui.