No Ceará, Fiocruz instala centro de inovação tecnológica em saúde
28/03/2018
No município de Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza, famoso por suas áreas verdes, dunas e lagoas, está instalado o Polo Industrial e Tecnológico da Saúde, iniciativa da Fiocruz em parceria com governos federal e estadual do Ceará.

É o primeiro parque do Brasil a integrar projetos de inovação tecnológica na produção de medicamentos, vacinas, diagnósticos e insumos para atender da saúde básica à medicina de alta complexidade.

Com inauguração prevista para junho, o polo é também a primeira unidade da Fiocruz fora do Rio de Janeiro que vai produzir vacina.

A fundação ligada ao Ministério de Saúde idealizou o projeto há mais de uma década, como parte da estratégia de minimizar desigualdades regionais não só em termos socioeconômicos, mas também na distribuição de tecnologia.

Dados do IBGE mostram que só 5% dos gastos com inovação no Brasil são realizados no Nordeste, segundo o economista Carlos Gadelha, coordenador das ações de prospecção da Fiocruz.

Ele afirma que, com esse padrão, o Brasil do futuro continuará desigual. “A criação de um centro de inovação em Saúde no Ceará não é a cereja do bolo do desenvolvimento do país, é o próprio recheio”, afirma o economista.

A escolha do Ceará foi feita a partir de um conjunto de características da região, como programas de saúde pública consolidados, biodiversidade e interesse de governo, instituições acadêmicas e empresas, segundo Paulo Gadelha (nenhum parentesco com Carlos), ex-presidente da Fiocruz e atual coordenador da agenda 2030 (programa da ONU para desenvolvimento sustentável) na fundação.

O Nordeste foi a região que mais aumentou o número de doutores acadêmicos. Passou de 40 pessoas com o título em 1996 para 2.392 em 2014, um crescimento de quase 6.000%, segundo levantamento do CGEE (Cento de Gestão e Estudos Estratégicos) do Ministério de Ciência e Tecnologia.

A estratégia da Fiocruz, segundo Carlos, é mudar o padrão da região: passar de fornecedor de recursos humanos e naturais para produtor de inovação tecnológica.

NOVOS PRODUTOS

No caso da saúde, o polo do Ceará vai usar matérias-primas do bioma nordestino para desenvolver produtos inovadores.

Uma linha de ação é a produção de um biofármaco a partir de células de cenoura e tabaco para tratamento da doença de Gaucher (doença genética rara que causa aumento do baço e do fígado).

A tecnologia para o desenvolvimento do medicamento está sendo transferida para os pesquisadores da Bio-Manguinhos (unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz) por meio de uma PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo).

O Centro Tecnológico de Plataformas Vegetais do polo cearense vai usar a tecnologia adquirida tanto na produção do remédio para a doença de Gaucher para abastecer o SUS quanto na criação de nova vacina para a febre amarela. “O centro de plataformas vegetais é um dos ouros tecnológicos da Fiocruz”, diz Carlos Gadelha.

INVESTIMENTO

O investimento previsto para o polo é de R$ 180 milhões. Além da unidade de plataformas vegetais, terá um prédio para ensino, com capacidade para 560 alunos, e um para pesquisas, com 15 laboratórios —dois com nível de biossegurança elevado.

Também está em fase de planejamento a construção de uma área em parceria com o Instituto Pasteur, da França, para a pesquisa sobre doenças transmitidas por insetos vetores, como o Aedes aegypti (transmissor de denge, zika, chikungunya e febre amarela). 

A área de doenças degenerativas é outra que está na mira da Fiocruz para futuras pesquisas no polo. A previsão é atrair outros empreendimentos e parcerias na área acadêmica e empresarial, incluindo startups.

Já há espaço reservado para isso: no terreno de 55 hectares, 25 deles são destinados para a área institucional da Fiocruz e o restante será ocupado por novas iniciativas.




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