Saúde e energia devem puxar receita da GE na América Latina
27/03/2018
Após ver seu faturamento subir 14% na América Latina em 2017, para US$ 8,8 bilhões, Daurio Speranzini, novo presidente da GE na região, enxerga reforço especialmente das áreas de saúde e energia para conseguir manter o ritmo de crescimento e ajudar o grupo, com sede nos Estados Unidos, a se recuperar de maus resultados recentes. O executivo, que prevê uma retomada da economia brasileira neste ano e no próximo, prevê ainda que a GE continuará tendo sucesso em outras áreas nas quais tem atuação consolidada no país, como transmissão de energia e aviação.

O brasileiro, transferido há três meses dos EUA para assumir o comando latino-americano do conglomerado, quer ganhar corpo em um segmento que conhece muito bem, o de saúde, que comandava por lá. Ele se reportava diretamente ao presidente da companhia, John Flannery, no cargo há menos de um ano com a missão de colocar o grupo de novo no caminho do crescimento.

No ano passado, a receita da GE só no mercado brasileiro foi de US$ 3,8 bilhões, alta de 11,8%. O crescimento pode se tornar mais rápido, principalmente levando em conta a expansão prevista para a economia local. Só com o chamado "carry over", ou seja, efeitos de decisões do ano anterior mas que vão trazer ganhos só no exercício atual, o executivo acredita que há potencial de alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 4%. Em 2019, vê potencial para uma expansão semelhante. "Esse seria um bom indicador de que a demanda vai crescer. Como consequência, tudo no país deve começar a se movimentar", afirma.

Mas dos três principais mercados latino-americanos - Brasil, México e Argentina -, Speranzini conta que o argentino é hoje o mais atrativo por conta das reformas do presidente Maurício Macri. "A Argentina largou na frente."

No ano passado, a GE, uma gigante com atuação nos setores de petróleo e gás, energia, saúde, transporte e outros, encarou um prejuízo líquido atribuível a seus acionistas de US$ 6,22 bilhões no mundo todo, especialmente por conta das despesas com a reestruturação em curso e de baixas contábeis. Isso cortou seus dividendos em 10% e irritou os investidores.

"Como trabalhava diretamente com ele [Flannery] e o segmento de 'healthcare' [saúde] sofreu uma transformação positiva, vi o que ele consegue fazer na administração", comenta Speranzini, em entrevista exclusiva ao Valor. "Acredito que ele tem capacidade de sobra para recuperar a GE."

Para Speranzini, as oportunidades em saúde residem na evolução do número de brasileiros que possuem um plano de saúde. Mas o setor público também contribui com uma parcela importante dos ganhos com vendas de equipamentos e soluções, e as perspectivas são boas nesse sentido.

"Esse mercado é muito fragmentado e para termos sucesso com crescimento sustentável, os esforços têm de ser contínuos e graduais", afirma o executivo. "É um segmento que demora mais para cair na crise, mas que também demora a se recuperar. Os investimentos estão bem ligados aos gastos do governo."

Em aviação, Speranzini acredita que pode haver em breve a abertura de novo mercado para a GE: o da Embraer. Hoje, apesar de não vender mais tantas turbinas quanto antigamente para a fabricante brasileira de aeronaves, o grupo americano mantém até uma equipe conjunta específico de pesquisa e desenvolvimento, que trabalha em soluções para a companhia.

Com a Boeing, que negocia uma parceria com a Embraer, a situação é mais confortável, dado que a GE ainda é grande fornecedora. Pela relação comercial, o novo executivo na América Latina crê que a potencial união das duas possa abrir as portas de um mercado onde a empresa ainda tem baixa presença, de aviões com até 130 assentos.
Fonte: Valor




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