Com a demanda mundial de processamento de dados em alta, as vendas de servidores estão subindo também: pesquisas do Gartner indicam que a receita mundial com as vendas de servidores cresceu 10,4% em 2017. A venda de 11,4 milhões de unidades no ano passado levou o faturamento dos fabricantes a US$ 52,5 bilhões. A Dell EMC fechou o ano em primeiro lugar, com 19,4% de participação, seguida pela HPE com 19,3% e pela IBM com 14,1%.
Raimundo Peixoto, vice-presidente de vendas da Dell EMC para América Latina, observa que o mercado de servidores vem sendo fortalecido pelo aumento das operações de internet das coisas e pelas compras das empresas de telecomunicações e governo. "O número das operações de IoT vem aumentando, e nossa expectativa é de que em menos de 20 anos o número de dispositivos conectados se aproxime de um trilhão", afirma ele.
Peixoto assinala que esse ecossistema exige elevada capacidade de processamento e tempo de resposta dos servidores extremamente curto: "Essas condições reorganizam o mercado de servidores, que operavam basicamente em duas camadas: as nuvens públicas e os datacenters privados. Agora, temos uma terceira camada, que é a da borda ou 'edge computing', atendendo desafios como o da IoT", explica.
Os fabricantes venderam no Brasil, durante o ano passado, perto de US$ 60 milhões em servidores modelo "blade" (mais compactos e mais econômicos) e US$ 220 milhões em modelos "rack", os tradicionais, detalha Adriano Gaudêncio, diretor de Arquitetura e Soluções da Cisco Brasil. A empresa detém globalmente uma fatia da ordem de 6% do mercado, oferecendo aos clientes uma solução integrada de computação, rede e armazenamento de dados, e tem se alternado na liderança com Dell e HPE segundo o executivo: "Essa colocação se altera conforme cada um dos fabricantes ganhe um novo projeto", explica. Segundo o último relatório anual da Cisco, os produtos para datacenter representaram 7% da receita em 2017, enquanto roteamento e comutação responderam por 49%. Uma das vantagens que a empresa tem trazido para os clientes de servidores, diz Gaudêncio, é financiamento, seja para adquirir os equipamentos seja para utilizá-los na modalidade prestação de serviços.
A Oracle é outro dos fabricantes que oferece essas facilidades, conta José Eduardo Braz, diretor de infraestrutura da empresa: "Temos sido bem sucedidos oferecendo hardware como serviço. O cliente faz pagamentos fixos e o contrato é prorrogável até quando ele quiser". Isso é particularmente interessante, segundo Braz, quando o ambiente regulatório impede o cliente de implantar certas operações em nuvem pública: "Ele pode então implantar servidores internamente para algumas linhas de negócios". Proprietária do sistema de gerenciamento de bancos de dados mais utilizado no mundo corporativo, a Oracle produz servidores após adquirir em 2010 a fabricante Sun Microsystems. Desde então, adaptou essas máquinas para serem as mais velozes no uso do seu banco de dados: "Essa combinação de hardware e software já está implantada em 400 clientes do Brasil", afirma Braz.
No Brasil, está havendo crescimento de vendas mesmo no segmento das máquinas mais caras, aquelas específicas para operações de missão crítica e para operações complexas como inteligência artificial, conta Aníbal Strianese, diretor de vendas de servidores da IBM: "Temos muitas vendas para provedores de nuvem, mas há vários segmentos do mercado onde também continuamos vendendo bem", diz ele.
Um dos atrativos que a empresa tem oferecido aos clientes é pagamento variável, que oscila de acordo com os recursos utilizados ou com o número de transações registrado. Atualmente, diz o diretor da IBM, o setor financeiro é o principal na carteira de clientes de servidores, o que inclui bancos, empresas de cartão de crédito e seguradoras. Em seguida vêm grandes corporações como Petrobrás e Vale.
A Lenovo, que em 2014 adquiriu da IBM sua linha baseada em processadores Intel, vê um crescimento explosivo no segmento chamado hiperconvergente, aquele que integra processamento e armazenamento de dados numa só plataforma: "Isso está em velocidade de rastilho de pólvora", diz Leonardo Câmara, diretor de datacenter da Lenovo.
Ele calcula que mesmo com a economia brasileira 'rastejando' ainda será possível crescer 6% nas vendas em 2018: "Há muitas vendas para servidores destinados à instalação dentro das empresas, inclusive para gente que trouxe de volta serviços antes hospedados em nuvem". Uma das razões para esse retorno, explica Câmara, é o elevado tempo de resposta imposto pelas estruturas de telecomunicações.