Dores de cabeça, musculares e abdominais são comumente sentidas em meio ao turbilhão de tarefas executadas pelas pessoas no dia a dia. Só quem já abriu uma caixa de remédio e sentiu aquele alívio por acabar com o incômodo sabe a diferença que um simples anti-inflamatório ou analgésico pode fazer. Há dois caminhos a percorrer: consultar um especialista para buscar um diagnóstico para o problema ou se automedicar. A segunda opção, porém, preocupa os especialistas, não é inofensiva e gera intoxicação. Segundo pesquisa do Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), para 72% da população brasileira a resposta é simples: automedicação.
Ainda de acordo com a pesquisa, ingerir medicamento por conta própria é uma realidade no país, entretanto o que muita gente desconhece é que a ingestão de remédios sem orientação traz mais males do que benefícios. Levantamento do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, entre 2002 e 2012, mostra que o país registrou 300 mil casos de intoxicação devido ao uso incorreto de medicamentos – um crescimento de quase 30% no período. Segundo o farmacêutico Júlio Pedroni, entre os medicamentos “campeões em vendas” sem orientação de médicos, encontram-se dipirona, paracetamol e aspirina, todos comercializados sem a necessidade de receituário médico. O médico farmacológico Jorge Camilo Florio, de 60 anos, explica que o ato de se automedicar, apesar de parecer inofensivo, pode acarretar intoxicações graves, uma vez que o diagnóstico feito pelo indivíduo é dedutivo, impreciso e ainda contribui para a resistência de microrganismos, além de adiar um diagnóstico preciso.
Ele afirma que as pessoas utilizam desse artifício em virtude do fácil acesso aos medicamentos nas farmácias, pela falta de acessibilidade a um convênio médico, ou mesmo que possuam planos de saúde, por não estarem dispostas a aguardar o dia da consulta. “As pessoas preferem utilizar remédios recomendados por amigos, vizinhos e parentes”, declara. É o caso de Maurício de Almeida, 53 anos, que faz uso de remédios diariamente. “Se a pessoa me diz que obteve resultados positivos com um determinado remédio, farei uso dele se precisar”, afirma Almeida, que ao usar um descongestionante nasal por período muito grande teve aumento da pressão arterial.