No Brasil, o custo com planos de saúde representa a segunda maior despesa com pessoal, segundo grandes empresas ouvidas pelo Valor. Só perde para salários. Cansados de arcar com reajustes que têm ultrapassado duas ou três vezes o índice de inflação, dirigentes de grandes companhias têm recorrido a várias alternativas, como aumento da coparticipação do funcionário no plano e intensificação de programas de prevenção. O envolvimento chegou a tal ponto que hoje departamentos de Recursos Humanos já conseguem mapear até quantos casos de gastrite ou problemas cardiovasculares envolvem seu quadro de pessoal.
A iniciativa de Warren Buffett, Amazon e JPMorgan Chase, nos Estados Unidos, se funcionar, pode ser um modelo a ser seguido.
No Brasil, uma empresa de grande porte, com dez mil empregados, cuida da saúde de aproximadamente 25 mil vidas, incluindo dependentes. Diante de uma despesa que transformou-se numa bola de neve quase impossível de acompanhar, o setor produtivo vê-se diante de um dilema: como reduzir custos com convênio médico num país com graves deficiências na saúde pública.
Há pelo menos cinco anos o brasileiro percebe o distanciamento entre o que ele gasta com saúde e outras despesas, como alimentos. Segundo cálculos do Valor Data, com base nos dados do IBGE, de 2013 a 2017, os preços de serviços de saúde (exames laboratoriais e consultas) subiram 62,35%. No mesmo período, a inflação oficial (IPCA) ficou em 36,48%.
Dados de uma consultoria especializada, a Aon, indicam que a inflação médica acumulada em cinco anos chegou a 108%. O cálculo inclui consultas, exames, materiais, medicamentos, diárias hospitalares e honorários.
O esforço das empresas para reduzir custos com saúde tem ido além de exaustivas negociações com as operadoras. Durante a crise econômica, principalmente, o empresariado teve que encontrar soluções mais criativas. As opções mais gratificantes são as que minimizam o risco de adoecer. Mas por em prática programas dessa natureza não é tarefa fácil.
Tradicionalmente, as equipes de Recursos Humanos não são preparadas para cuidar de doentes. Por isso, consultores e profissionais de saúde, incluindo médicos, têm sido contratados pelas empresas.
Dentro das fábricas, nutricionistas passaram a elaborar cardápios saudáveis e, no horário de saída dos empregados unidades móveis ajudam a estimular exames de prevenção, como mamografia e medição do nível de glicose no sangue.
As empresas se mobilizam de todas as formas para, num verdadeiro mutirão, encontrar formas de afastar funcionários dos pronto-socorros. Diminuir a necessidade de usar os convênios é uma forma de também melhorar a saúde financeira da companhia.