O Google e o Facebook informaram, ontem, ter feito investimentos significativos na França. As medidas representam um voto de confiança no florescente cenário tecnológico do país e na investida do presidente Emmanuel Macron para atrair investimentos externos.
O grupo de buscas na internet pretende abrir um novo centro de inteligência artificial (IA) na França dentro de semanas, seu segundo na Europa após o de Zurique. A iniciativa é parte de esforços destinados a aumentar em 50% seu número de funcionários em Paris, com planos de incorporar 360 funcionários a seu escritório, onde já trabalham 700 pessoas, até o fim de 2019, no máximo.
A empresa também disse que abrirá quatro Google Hubs em todo o país, que vão se concentrar em treinamento gratuito em qualificações "on-line" e em domínio de conhecimentos digitais. O primeiro deles será instalado em Rennes, na Bretanha, e será inaugurado no primeiro semestre com o objetivo de treinar mais de 100 mil pessoas ao ano.
"Estamos felizes por contribuir com o progresso da França na direção de se tornar um paladino mundial da tecnologia digital", disse Sundar Pichai, executivo-chefe do Google, em postagem num blog. "As conquistas do país nos campos científico, artístico e acadêmico o transformam em base ideal para um centro de pesquisa em IA."
A investida para criar laços mais fortes com a França segue-se a um histórico de desconfiança em relação ao Google e a acusações de que a empresa teria evitado, ilegalmente, pagar impostos locais.
O anúncio ocorre no momento em que o rival Facebook disse, ontem, que vai investir € 10 milhões em seu centro de IA na França nos próximos cinco anos, o que dobra para 60 o número de cientistas de IA em sua base de pesquisa em Paris e aumenta de 10 para 40 seu financiamento a candidatos a doutorado.
Os investimentos ocorrem num momento de crescente impulso no cenário de tecnologia e de startups na França. A Station F, antiga estação ferroviária que é o maior campus de "startups" do mundo, foi inaugurada em Paris no ano passado e Macron se empenhou em atrair o setor tecnológico, na tentativa de impulsionar o crescimento e reduzir a taxa de desemprego de mais de 9% no país.
Pichai, do Google, e Sheryl Sandberg, diretora operacional do Facebook, estavam, ontem, entre os quatro altos executivos a manter audiências individuais com Macron no Palácio de Versalhes, onde ele recebeu 140 grandes executivos em reunião privativa.
O encontro, realizado na véspera do Fórum Econômico Mundial de Davos e que tem como slogan "Escolha a França", visa promover o país como destino de investimentos e explicar as reformas pró-negócios do presidente.
Uma série de outros acordos foi anunciada ontem, mais notadamente pela montadora japonesa Toyota, que informou que investirá € 300 milhões no aumento da capacidade de sua unidade de montagem no norte da França, com a criação de até 700 empregos. (Colaboraram Richard Waters, em San Francisco, e David Keohane, em Paris)