A OMS (Organização Mundial da Saúde) passou a considerar a totalidade do Estado de São Paulo como área de risco de febre amarela e decidiu recomendar a vacinação de pessoas de fora do país que tenham como destino qualquer município paulista.
Embora o Ministério da Saúde tenha visto "excesso de zelo" na orientação, a medida é plenamente defensável, tomada após um viajante procedente da Holanda, que esteve no Estado, ter sido diagnosticado com a doença.
Não se trata de assumir tom e atitudes alarmistas, mas é inaceitável que riscos se ampliem por causa da falta de planejamento e da morosidade de procedimentos. Infelizmente não se podem afastar falhas da administração pública ao longo dos últimos anos.
Sabe-se, por exemplo, que a difusão do vírus teria sido menos abrangente se Minas Gerais, que há dez anos está na área de recomendação de vacina, tivesse providenciado a imunização de seus habitantes —e não de apenas metade deles, como se constatava no início do ano passado, quando o surto teve início.
Observaram-se também problemas de celeridade e planejamento na obtenção de resultados de testes sorológicos e em outras medidas importantes.
É o caso do fracionamento das vacinas, que, embora seja eficaz e justificável para o momento, poderá gerar a necessidade de novas rodadas de imunização no futuro —ao passo que a dose integral garantiria cobertura até o fim da vida dos indivíduos.
Desde setembro do ano passado, quando o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou o fim do surto ocorrido no primeiro semestre, a incidência de casos humanos e de infecções em macacos voltou à cena de modo a inspirar atenção.
Especialistas não têm uma explicação definitiva sobre como o vírus tem cruzado o território brasileiro, mas a sensação é de que o país enfrenta um retrocesso, já que a ocorrência da doença em áreas urbanas havia sido erradicada em 1942.
Apesar dos problemas, pode-se dizer que as medidas cabíveis estão sendo encaminhadas. Trata-se de assunto que não comporta hesitações das autoridades.