Após o boom de clínicas médicas populares, um novo modelo de consultório começa a surgir, com apoio da telemedicina e promessa de redução de custos. Com a primeira unidade inaugurada em maio no Rio, a rede Connect Care propõe o atendimento do paciente por um médico generalista, que pode acionar um especialista por videoconferência durante a consulta, quando necessário.
"Nosso modelo é centrado na figura de um clínico geral com boa formação acadêmica que é capaz de solucionar entre 80% e 90% dos casos. Evita-se idas desnecessárias a um especialista ou pronto-socorro que têm um custo maior", disse Fernando Domingues, sócio e presidente da Connect Care. O valor de uma consulta com um médico especialista costuma ser 50% maior que a de um clínico geral, segundo a Advance, consultoria espanhola especializada em saúde.
O empresário pretende abrir mais duas unidades no ano que vem, no Rio e em São Paulo, e chegar a seis ou oito clínicas em funcionamento em 2019. Filho do presidente do conselho da Dasa, Romeu Domingues, Fernando fundou a Connect Care em conjunto com o economista Marcelo Saad, sócio da consultoria Laplace, e o médico Roberto Botelho, fundador da ITMS, empresa que faz laudos de exames médicos a distância.
Para acionar os médicos especialistas, a Connect Care tem uma parceria com a Beep, uma plataforma tecnológica com cerca de 1 mil médicos cadastrados para atendimento por videoconferência. O modelo funciona da seguinte maneira: o clínico geral entra na plataforma da Beep e escolhe junto com o paciente um especialista que esteja disponível on-line. Há um perfil do profissional, com dados sobre formação acadêmica, preço da consulta, entre outras informações. Um dos investidores da Beep é a DNA Capital, empresa de investimentos da família Bueno, fundadora da Amil, que começou a aplicar parte dos seus recursos em startups da área de saúde.
A rede carioca trabalha com várias operadoras de plano de saúde, que cobrem a consulta com o clínico geral e o atendimento remoto feito com o especialista. Um dos projetos de Domingues é que os pacientes tenham um acompanhamento constante nos moldes de um médico de família. A Connetc tem ainda parceria com os laboratórios de medicina diagnóstica Sérgio Franco, CDPI e Bronstein, do grupo Dasa, e com a ITMS.
O atendimento médico a distância ainda é pouco difundido no país. A legislação permite que seja feito, mas com restrições: é necessário que o paciente esteja acompanhado de um médico.
A ITMS, parceira da rede carioca de clínicas, também trabalha com laudos de exames de cardiologia, neurologia e pneumologia. A empresa faz o diagnóstico a partir de exames de pacientes do Brasil e de outros países da América Latina. São realizados mais de 11 mil exames por dia. Com o diagnóstico em mãos, o plantonista de uma emergência consegue dar encaminhamento ao procedimento mais adequado num caso de infarto, por exemplo. "Com esse trabalho, conseguimos reduzir o índice de mortalidade na rede pública de saúde da Baixada Fluminense de 23% para 6% em dois anos", disse Botelho, presidente e fundador da ITMS.