A CVS Health, maior rede de farmácias dos Estados Unidos, fechou acordo para a compra da Aetna, terceira maior seguradora de saúde dos Estados Unidos em vendas, por cerca de US$ 68 bilhões. O negócio cria um novo gigante na indústria de medicamentos com prescrição e possivelmente vai desencadear um processo de consolidação maior no setor. Se confirmada, a operação será a maior desde a compra da Time Warner pela AT&T por US$ 85 bilhões em outubro de 2016. No Brasil, a CVS é dona da rede de farmácias Onofre.
Segundo fontes próximas ao negócio e que pediram anonimato, a Aetna receberá em torno de US$ 207 por ação, sendo US$ 145 em dinheiro e mais US$ 62 em ações. O valor representa um prêmio de 29% sobre o preço das ações da Aetna no dia 25 de outubro, quando as empresas informaram que estavam em negociação. Como possivelmente a CVS vai assumir a dívida da Aetna, o valor deve chegar a US$ 78 bilhões.
A expectativa é concluir o negócio no segundo semestre de 2018. Após a conclusão, a seguradora funcionará como uma unidade separada comandada pela atual diretoria.
Mark Bertolini, CEO da Aetna, e outros dois diretores vão participar do conselho de administração da CVS.
A companhia combinada terá condições de mexer com o mercado de medicamentos com prescrição nos Estados Unidos. O negócio é considerado um movimento defensivo diante das especulações de que a Amazon estaria preparando sua entrada no mercado de medicamentos, com a venda de remédios com prescrição. "Um dos problemas do setor de saúde é que é muito fragmentado e tem pouca organização", disse Steve Kraus, da Bessemer Venture Partners, à agência Bloomberg.
A união de uma grade rede de farmácias com um operadora de saúde é inédita e não representa uma consolidação, mas o acordo deve receber uma atenção especial dos órgãos antitruste.
No ano passado, a Aetna foi obrigada a desistir de um acordo com a rival Humana, em um negócio estimado em US$ 37 bilhões, por determinação dos reguladores americanos que alegaram que a concentração prejudicaria os consumidores. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos também bloqueou uma fusão de US$ 54 bilhões envolvendo as operadoras de saúde Hino e Cigma.
Os analistas de mercado avaliam que Humana, Hino e Cigma são candidatas a formar parcerias semelhantes a da CVS/Aetna. Entre os grandes varejistas americanos que poderiam se interessar aparecem a Walgreens e Walmart. Segundo fontes do setor, nas últimas semanas ocorreram várias reuniões entre as operadoras de saúde e os varejistas, todos preocupados com a possível entrada da Amazon no setor.
Ainda segundo analistas, a nova empresa CVS/Aetna passa a ter um forte poder de negociação junto aos laboratórios farmacêuticos. Além de uma rede de 10 mil pontos, a CVS possui uma empresa de gestão de benefícios na compra de produtos farmacêuticos, a PBM, que já negocia diretamente com os grandes laboratórios.
A compra é uma forma da CVS diversificar suas fontes de receitas tendo em vista a chegada da Amazon e "define um novo modelo para o setor de varejo de saúde", afirmou o analista Ricky Goldwaser, do Morgan Stanley, ao jornal "Financial Times".
Já no Brasil, a CVS enfrenta uma disputa com a família Arede, que vendeu a rede de farmácias Onofre por R$ 744 milhões há quatro anos para o grupo americano. Em setembro, o Valor informou que a família tem interesse em recomprar o negócio. Um acordo poderia encerrar o processo de arbitragem que envolve as partes há um ano. Apesar disso, a CVS não manifestou disposição em avaliar a questão, segundo fontes informaram em setembro.