A tecnologia de impressão tridimensional de biomodelos anatômicos de pacientes, desenvolvida pela Bio Architects, facilita a elaboração de um bom planejamento cirúrgico. Além de permitir simulações prévias dos procedimentos, com a definição da técnica mais adequada para cada paciente, pode ser utilizada como uma ferramenta de treinamento de estudantes e profissionais que fazem residência médica.
A tecnologia consiste na construção do órgão do paciente que será submetido a um procedimento cirúrgico: imagens de ressonância magnética e de tomografia são transformados em arquivos e enviados para uma impressora 3D, que produz peças com diferentes texturas, cores e tamanho. Dessa forma, é possível criar biomodelos com pele, osso e músculo, cada uma com textura ideal para simular a estrutura.
Indicado para cirurgias de alta complexidade e patologias raras, o biomodelo aumenta a eficácia dos procedimentos e dá mais segurança a médicos e pacientes. Entre as vantagens de aplicação dessa tecnologia, Felipe Marques, CEO da Bio Architects, cita a possibilidade de o médico evitar surpresas durante o procedimento, como o surgimento de outra patologia não detectada nos exames.
A confecção de biomodelo também facilita a comunicação entre médico e paciente: com a peça em mãos é possível mostrar a patologia e explicar a intervenção necessária para corrigí-la. Nas cirurgias de alta complexidade, que envolvem equipes de diversas especialidades, o biomodelo torna mais fácil a tomada de decisões a respeito da abordagem cirúrgica ideal.
Outra vantagem é que o médico tem a dimensão exata da anatomia do paciente, podendo testar previamente instrumentais e próteses e prever possíveis complicações. De acordo com Marques, o biomodelo pode ser utilizado também como ferramenta de ensino. "O acesso a cadáveres é limitado e em muitas faculdades de medicina não é possível treinar procedimentos fundamentais", afirma. Segundo ele, a tecnologia da Bio Architects, que permite criar biomodelos com patalogias específicas para as necessidades dos estudantes, já é utilizada por médicos do Hospital Israelista Albert Einstein e do Hospital Sírio Libanês, assim como na Santa Casa - para treinamentos de cirurgias cardíacas. A Bio Archtects iniciou suas operações há quatro anos. Com a tecnologia de biomodelos tem como clientes os médicos e empresas da área médica.
Nesse período, forneceu mais de 300 peças para utilização em cirurgias. A demanda interna cresceu 100% nos últimos meses e há expectativa de ganhar espaço no mercado externo, a partir da filial aberta há dois anos nos Estados Unidos.
No mercado brasileiro, o desafio é ingressar no segmento das operadoras de plano de saúde, que ainda não oferecem cobertura para esse tipo de produto. Para tanto, a empresa está produzindo papers científicos que comprovam os ganhos financeiros, como a redução do tempo de realização de cirurgia, que pode chegar a 20%, e do consumo de materiais utilizados nos procedimentos. A tarefa não é das mais simples porque o custo de produção de biomodelos é alto.