Os hospitais que possuem sistema de cirurgia robótica estão investindo na aquisição de modelos de robôs mais sofisticados e ampliando o universo de aplicação da tecnologia. Além da urologia, que lidera o ranking nacional de procedimentos cirúrgicos, os equipamentos passaram a ser utilizados em outras especialidades, como oncologia, ginecologia, gastroenterologia e cardiologia.
Estima-se que existam perto de 40 equipamentos em uso na rede hospitalar pública e privada em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Pará e Pernambuco. O modelo de robô que predomina é o Da Vinci, que pode ser manipulado pelo cirurgião por meio de consoles para diferentes tipos de intervenções cirúrgicas minimamente invasivas.
Dois deles estão em operação no AC Camargo Câncer Center, de São Paulo: o Da Vinci SI e o Da Vinci XI. O hospital também está fazendo um upgrade do sistema Husi Robotics, destinado ao tratamento ablativo do câncer da próstata. No próximo mês deve receber o modelo Focal 1, quarta geração desse tipo de robô semi-automático, informa Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do departamento de urologia e coordenador do serviço de robótica do hospital.
Com os três equipamentos são realizados 600 procedimentos cirúrgicos por ano, abrangendo aparelho digestivo alto e baixo, ginecologia, tórax, cabeça e pescoço, oncologia cutânea e pediatria oncológica. Mais de 2 mil pacientes já foram atendidos desde que o hospital adotou o sistema robótico, há quatro anos.
A urologia concentra 75% das cirurgias robóticas realizada pelo hospital e grande parte desse total corresponde a câncer da próstata. "O sistema Hisu Robotics é utilizado em um grupo de pacientes que não são candidatos a terapias convencionais de câncer da próstata", explica Guimarães.
A cirurgia robótica é considerada mais eficaz que os procedimentos convencionais. O robô Da Vinci, por exemplo, proporciona melhor visualização do local, graças ao recurso de visão tridimensional em alta definição. Outra vantagem é a precisão dos movimentos do braço mecânico. Por ser minimamente invasiva causa menos traumas, reduz o risco de infecção e de sangramento. Por isso, a recuperação é mais rápida e o paciente fica pouco tempo no hospital, o que reduz custos de internação. Os riscos de sequelas também são menores, diz Affonso Migliore, diretor do Hospital 9 de Julho, de São Paulo.
Com o início da operação do segundo modelo do robô Da Vinci, em março deste ano, o hospital ampliou sua capacidade para fazer esse tipo de cirurgia: são 80 procedimentos, de um total de 3 mil cirurgias mensais. A expectativa é fechar o ano com mais de 750 cirurgias realizadas, ante 571 do ano passado, e expandir em 35% o número de procedimentos em 2018, para mil cirurgias.
Introduzido em dezembro de 2012, o sistema de cirurgia robótica já atendeu mais de 2 mil pacientes nas áreas de urologia, ginecologia, cirurgia geral e do tórax. De acordo com Migliore, o investimento nos dois robôs, equipamentos e montagem de sala robótica inteligente foi de R$ 20 milhões.
O hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro, inaugurou em março um centro de cirurgia robótica que contém um robô Da Vinci e 12 salas que permitem agendar até três cirurgias diárias. Nesta estrutura já foram realizadas 200 procedimentos, sobretudo para retirada da próstata, gastroplastia, tumor do intestino e cirurgia ginecológica (de câncer e de endometriose pélvica). O investimento foi de R$ 10 milhões.
Como o sistema robótico tende a incluir outros tipos de cirurgias - de tórax e cabeça e pescoço, por exemplo -, a estimativa é de que no próximo ano sejam realizados 40 procedimentos por mês. "O robô é uma necessidade de qualificação assistencial", afirma Lincohn Bittencourt, diretor geral do hospital.
Fundado em 2015, em São Paulo, o Hospital Moliah aumentou a eficiência com o uso do robô Da Vinci XI, que foi adquirido este ano: o tempo de troca de sala caiu pela metade, e o de preparo, limpeza e manutenção dos quartos ficou 18% menor. No segundo semestre foram realizadas 70 cirurgias de gastroenterologia, urologia, ginecologia e cardíaca e a meta é fazer 20 cirurgias por semana na primeira metade do próximo ano, diz Alexandre Teruya, CEO do hospital.