Integração da cadeia enxugaria os custos
27/11/2017
O Brasil precisa de mais recursos para ampliar o atendimento na saúde em um cenário econômico de baixo crescimento. Outro desafio é diminuir a necessidade de internações e a sinistralidade, dizem os especialistas. "O terceiro ponto passa pela melhoria da gestão e mudança no sistema de remuneração", avalia Ruy Baumer, presidente do ComSaúde, comitê de saúde da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp).

Para dar suporte a essas mudanças, os investimentos buscam antecipar problemas de saúde. Estudo da Deloitte (Global Health Care Outlook) estima que os gastos dos hospitais com tecnologia analítica vão saltar de US$ 5,8 bilhões em 2015 para US$ 18,7 bilhões em 2020, com os hospitais focando em qualidade e redução de custos. "Boa parte desses investimentos vai para pesquisa analítica, big data e inteligência artificial, pois o setor precisa entender seus custos e procedimentos para melhorar produtividade, eficiência e governança", diz Enrico De Vettori, sócio e líder de life science e health care da Deloitte.

Vettori vê no movimento de fusões e aquisições um caminho para acelerar esse processo, principalmente pela crescente participação dos fundos de private equity (PE) e seu interesse pelo setor de saúde. "Isso porque esses fundos arrumam a casa e melhoram a governança da empresa antes de vender para um sócio estratégico", diz o executivo, que em 2016 participou de 50 operações dessa natureza e neste ano de 60, das quais 70% foram efetivadas.

Vettori explica que é preciso também corrigir a rota do atual relacionamento entre operadoras de saúde e hospitais e laboratórios. Isso porque o chamado WACC (custo médio ponderado de capital, na sigla em inglês) é, para ele, um ponto crítico dessa indústria e falta harmonia na estrutura do capital e em seu financiamento no Brasil. "Na Austrália, o mercado hospitalar não tem glosa [não pagamento, por parte dos planos de saúde, de valores referentes a atendimentos] e o pagamento é feito em 28 dias entre operadoras e hospitais. No Brasil a realidade é outra", avalia.

O uso da tecnologia que gera dados é o caminho a ser perseguido também na opinião de Daniel Greca, sócio-diretor da KPMG para a área de saúde. Uma vez que o sistema esteja integrado, ele tende a gerar valor e reduzir custo. "Mas para que isso ocorra tem que haver maturidade e compartilhamento de dados. Hoje, as informações não são compartilhadas. São mantidas em feudos", critica Greca.

O executivo também usa como exemplo a Austrália, o primeiro país 100% digital na saúde, onde há transparência e compartilhamento de dados. "Lá, dá para acompanhar toda a jornada do paciente. A telemedicina na Austrália é amplamente utilizada, enquanto no Brasil se discute ainda a regulamentação disso", explica Greca.

Nessa direção, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz tem como estratégia o investimento em pesquisa e inovação e a parceria com universidades. Mantém centros especializados em doenças metabólicas, que fazem atendimento com equipe de multiprofissionais para olhar todas as questões do paciente. "Desde 2015, lançamos também um centro de excelência em oncologia, que conta com 18 projetos de pesquisa em andamento ", diz Antônio Bastos, superintendente médico do hospital, que deve investir R$ 70 milhões em cinco anos em P&DI e educação.
Fonte: Valor




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