Em uma oferta inicial de ações que deve movimentar entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão, segundo o Valorapurou, a farmacêutica Blau quer estrear na bolsa de valores no começo de fevereiro.
Dona da marca de preservativos Preserv, a Blau pretende usar os recursos levantados com a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) para ampliar sua capacidade produtiva e de distribuição, investir em pesquisa, fazer aquisições e expandir sua atuação para a América Latina.
De acordo com as informações da minuta do prospecto preliminar da Blau, a companhia também pode vir a usar os recursos captados para o pagamento de R$ 80,7 milhões em dividendos.
O IPO da Blau conta com uma parcela tanto primária (de recursos novos) quanto secundária. Marcelo Rodolfo Hahn, fundador da Blau, também venderá uma parcela de suas ações.
Apesar de ter nos preservativos uma de suas faces mais conhecidas do público em geral, a Blau quer ampliar a fatia dos medicamentos de alta complexidade nos negócios nos próximos cinco anos. Atualmente, esses produtos, em boa parte biológicos e oncológicos, representam 66% da receita líquida, considerando os números do ano até setembro. "A estratégia é aumentar esse percentual nos próximos cinco anos, devido ao fato de apresentarem margens mais atrativas", informou.
A meta da companhia é alcançar a liderança no mercado de medicamentos de alta complexidade na América Latina fora do varejo. Listada neste ano na B3, a Biotoscana também atua na região com foco em especialidades farmacêuticas de alta tecnologia.
No prospecto, a farmacêutica Blau destaca que sua linha de atuação é dividida em quatro segmentos de medicamentos: biológicos, oncológicos, especialidades e outras classes incluindo medicamentos de prescrição médica, isentos de prescrição, vendidos no varejo, além de uma linha de dermocosméticos, reprodução humana e preservativos e afins.
Além disso, a empresa quer ganhar escala para a produção do portfólio atual e de novos medicamentos, fortalecendo a presença na América Latina. Para tanto, pretende construir duas novas fábricas, na Colômbia e Argentina.
No mercado argentino, a unidade será erguida em "região estratégica que oferece determinados benefícios fiscais" e que favorece a comercialização desses medicamentos tanto internamente quanto no Chile, cuja fronteira está próxima da área escolhida, e no Uruguai.
Na Colômbia, a região escolhida para a fábrica também oferece benefícios fiscais. A unidade abastecerá o mercado colombiano, países andinos e da América Central.
A Blau Farmacêutica registrou receita líquida de R$ 492 milhões no acumulado do ano até setembro, comparável à receita de R$ 430,9 milhões registrada em todo o ano passado. Já o lucro líquido neste ano estava em R$ 93 milhões até setembro, ante R$ 32 milhões no exercício anterior.
Os desembolsos com pesquisa e desenvolvimento giram em torno de 3% da receita líquida e, em 2016, a farmacêutica obteve três novos registros de medicamentos:
oxaliplatina genérica (para tratamento oncológico), oxacilina genérica (antibiótico) e sacarrato de ferro que, juntos, representaram cerca de 2% das vendas líquidas no primeiro semestre deste ano.