Criada em 1988 pelo médico Adiel Fares - o primogênito dos quatro filhos do fundador da Lojas Marabraz - a Clínica Fares inicia seu projeto mais ambicioso de expansão. A rede de clínica médica popular que, atualmente, conta com três unidades na capital paulista, tem planos para abrir mais cinco consultórios a partir do próximo ano. Essa expansão demandará investimentos de cerca de R$ 75 milhões, sendo que parte dos recursos virá do BNDES.
As novas unidades serão erguidas nos bairros da Penha, Itaquera e Pinheiros e nos municípios de São Vicente e Diadema, em São Paulo. O médico que, por 15 anos dedicou-se quase que exclusivamente à Marabraz, diz que sua aposta no segmento de clínica médica popular é devido ao atual cenário em que 2 milhões de pessoas perderam o plano de saúde desde 2015, atendimento precário no SUS e uma insatisfação crescente dos usuários com os médicos credenciados aos convênios.
"Investimos em tratamento humanizado. Nosso médico não pode ficar só 10 minutos com o paciente", disse Fares, que tem formação em cardiologia e geriatria. Ele conta que faz um trabalho "motivacional" com os médicos para que eles sejam mais comprometidos com os pacientes e sua rede de clínicas. "Quando há qualquer problema entre médico e paciente chamamos o profissional para conversar. Fazemos um 'coaching', às vezes, o médico teve um dia ruim e precisa ser ouvido", diz Fares. Ele garante essa relação pessoal é um dos motivos que faz os médicos destinarem em média 25 horas semanais aos seus consultórios.
Na Fares, o preço das consultas oscila entre R$ 90 e R$ 200, de acordo com a especialidade. Há exames e cirurgias realizados em parceria com hospitais. A Fares aluga o centro cirúrgico dos hospitais nos horários em que há pouca demanda para conseguir realizar o procedimento com um custo mais acessível.
Neste ano, a direção da Clínica estima completar faturamento de R$ 100 milhões e 1,2 milhão de consultas médicas.
O principal diferencial em relação às demais clínicas populares é que a Fares aceita planos de saúde. Cerca de 30% dos procedimentos são feitos por meio do convênio e os demais 70% são pagos pelo próprio paciente. O paciente particular pode ainda parcelar o procedimento médico no cartão de crédito - como acontece no varejo, onde o médico passou boa parte de sua vida. Seu pai, o imigrante libanês Abdu Hadi Mohamed Fares, abriu a primeira loja de móveis quando ele tinha apenas dez anos de idade. Na época, a loja tinha o nome de Credi-Fares Móveis. Foi alterada para Marabraz em 1986, quando o patriarca morreu e os quatro filhos assumiram o negócio.
O médico deixou o varejo há cerca de quatro anos para dedicar-se à rede de clínicas, cuja principal unidade fica no bairro da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo, onde foi aberta a primeira loja da varejista.
Hoje, com as atenções voltadas para o setor de saúde, o médico quer destacar sua clínica com uma proposta de exames com alta tecnologia e medicina personalizada, uma das principais tendências do setor.