A EMS, maior indústria farmacêutica do Brasil, venceu a disputa pelo laboratório estatal sérvio Galenika e assinou ontem a compra do ativo, mediante investimento de € 46,5 milhões. Com isso, a brasileira avança em sua estratégia de internacionalização dos negócios e estabelece as primeiras unidades produtivas fora do país. O contrato contempla a assunção de duas fábricas de medicamentos, uma na capital da Sérvia, Belgrado, e outra em Montenegro.
Há cerca de um mês, citando como fonte o Ministério da Economia local, agências internacionais informaram que a farmacêutica brasileira havia apresentado uma oferta pelo controle da Galenika, assim como a suíça Amicus. O processo de privatização do laboratório foi retomado neste ano, como parte de um pacote de desestatizações lançado pelo governo sérvio, na esteira de um acordo de US$ 1,4 bilhão com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O vencedor da disputa teria de pagar cerca de € 25 milhões em dívidas do laboratório com instituições financeiras.
Segundo a EMS, a Galenika é a terceira maior farmacêutica daquele país, com forte presença em mercados considerados estratégicos nos Balcãs e Leste Europeu. O plano estratégico para a empresa comprada compreende aporte de recursos e tecnologia, com vistas a garantir o crescimento da operação na Sérvia e rapidez no acesso a novos mercados. O laboratório tem, hoje, 1,4 mil empregados e mais de 250 produtos em seu portfólio, em diferentes formas (sólidos, suspensão oral, entre outros).
Em nota, o vice-presidente institucional da farmacêutica brasileira, Marcus Sanchez, diz que a compra da Galenika corresponde a mais "um passo importante" no processo de internacionalização "e comprova que a EMS desenvolveu capacidades tecnológicas e de gestão muito avançadas que estão guiando o crescimento da empresa". Fora do país, a EMS fundou nos EUA, em 2013, a Brace Pharma, voltada ao desenvolvimento de projetos de inovação radical, e tem um acordo técnico-científico desde 2006 com o laboratório de pesquisa italiano MonteResearch.
Com exportações para mais de 40 países em praticamente todos os continentes, a EMS atua nos segmentos de prescrição médica, genéricos, medicamentos de marca, remédios isentos de prescrição e hospitalar. No Brasil, tem fábricas nos municípios paulistas de São Bernardo do Campo, Jaguariúna e Hortolândia.
A farmacêutica também tem produção em Brasília (DF), onde se instalou em maio deste ano, e é dona da Novamed, em Manaus (AM), uma das maiores fábricas de medicamentos sólidos do mundo. Além disso, é acionista da Bionovis, voltada ao desenvolvimento e produção de medicamentos biológicos.