Empreendedores em série têm um olhar aguçado para nichos
31/10/2017
Qual a fórmula do sucesso de empresas como Webmotors, Hotel Urbano e Locaweb?

Segundo seus fundadores, todos eles palestrantes do Festival de Cultura Empreendedora, realizado neste mês em São Paulo, as companhias conseguiram decolar graças a uma combinação de injeções de capital investidor e a exploração de nichos de mercado. O Festival de Cultura Empreendedora, uma iniciativa das revistas "Época NEGÓCIOS", "Pequenas Empresas & Grandes Negócios" e do Valor, reuniu mais de 1,2 mil pessoas em 47 atividades, durante três dias.

O senso de oportunidade e a experiência no setor de atuação, além da boa escolha das equipes de trabalho, também foram decisivos para pavimentar a escalada das organizações, afirmam os empreendedores. Hoje, para se manterem um passo à frente da concorrência, investem na expansão internacional dos negócios, compram outras empresas e criam novas startups.

"Não consigo mais parar de empreender", diz Sylvio de Barros, considerado um dos principais empreendedores seriais do país. Fundador do site de vendas de veículos Webmotors, vendido em 2002 para o então ABN Amro; e do iCarros, comprado pelo Itaú em 2012, também tirou do papel negócios digitais como Arkpad, catálogo digital de arquitetura, decoração e design, e o Minha Vida, um portal sobre saúde e bem-estar.

No final de 2016, Barros lançou a ZFlow, que atua em todas as etapas de compra de um automóvel, inclusive nos financiamentos. O Itaú é parceiro no projeto.

Para o empreendedor, a experiência anterior como executivo do setor automotivo ajudou-o a administrar as empresas que impulsionou - ele atuou na GM entre 1989 e 1995. Também credita o desenvolvimento das companhias às equipes envolvidas. "É fundamental trabalhar com pessoas com quem você se dá bem."

Receber investimento externo também pode garantir o avanço dos empreendimentos, mas é preciso ter cuidado para escolher os investidores, dizem os irmãos João Ricardo e José Eduardo Mendes, fundadores da agência de viagens on-line Hotel Urbano. Criado em 2011, o site ganharia um aporte já no quarto mês de operação, em troca de 30% da sociedade.

Segundo Ricardo, alguns investidores interferiam nas contratações de executivos e na dinâmica da companhia. O movimento chegou a "dividir" a empresa. Entre os funcionários, havia quem estava do lado 'deles' ou do nosso lado, diz. O empresário lembra que chegou a receber um telefonema dos novos sócios, cobrando baixos resultados que apareceram repentinamente. "Como não ficavam no Brasil, não sabiam que era um feriado nacional, dia que ninguém compra pacotes de viagem."

Os irmãos Mendes retomaram a operação em 2016 e priorizaram o cadastro de novos hotéis e investimentos no aplicativo da marca. "Aprendemos com os erros e voltamos mais focados em pessoas", diz. O próximo passo é a internacionalização do negócio, com a inclusão de mais de 400 mil hotéis estrangeiros.

As orientações dos empresários para quem está em busca de investidores é conhecer os responsáveis pela "interface" com o fundo. "Não interessa o porte da empresa investidora, mas saber com quais pessoas você vai lidar no dia a dia", concordam.

Durante o Festival de Cultura Empreendedora, os fundadores do Hotel Urbano anunciaram a criação de uma nova empresa. Batizada de Tilt e focada em turismo corporativo, terá recursos de cashback. Poderá devolver aos clientes mais assíduos, em forma de dinheiro, parte do custo dos pacotes de viagem. A operação deve começar em três meses.

Para Gilberto Mautner, co-fundador da Locaweb, de serviços de tecnologia, é essencial saber decifrar os interesses dos investidores externos. "Alguns querem apenas injetar dinheiro, outros participam da gestão."

Fundada em 1998 como uma empresa familiar, a Locaweb só recebeu o primeiro aporte depois de 12 anos de atividade, quando já era rentável. "Antes de escolher um investidor, conversamos com vários para identificar diferenças."

Mautner diz que encontrou um apoiador que mostrava muito interesse na empresa e nos sócios. "Queria conhecer as famílias, sair para jantar, conversar", lembra. "Foi um prenúncio que a coisa ia dar certo." Em 2010, a investidora global de private equity Silver Lake, que já investiu no Skype, comprou uma participação da empresa.

A Locaweb também conhece o outro lado do balcão. Em 2013, adquiriu a All in Mail, de marketing digital; a Tray, de comércio eletrônico, e a SuperPay, de meios de pagamento. No ano passado, foi a vez da Fbits, de plataformas para o público corporativo. Mautner afirma que tem o cuidado de descobrir os anseios dos fundadores das organizações adquiridas e deixá-los livres para executar planos em andamento. "Quando alguém compra uma companhia, é um equívoco pensar que não está 'levando' também os seus donos."
Fonte: Valor




Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP