Um estudo publicado KPMG mostra que o período entre os próximos cinco a dez anos será crítico para os sistemas de saúde, na medida em que eles buscam outros meios para lidar com o rápido crescimento e envelhecimento populacional, o que ameaça a sua sustentabilidade no longo prazo. Por isso, muitos dos setores de saúde precisam considerar a necessidade de uma reforma radical para superar o desafio do aumento de custos e demanda.
O relatório Something to teach, Something to learn: Global perspectives on healthcare (Algo para ensinar, algo para aprender: perspectivas globais para o setor de saúde), que entrevistou profissionais de organizações líderes em saúde em 22 países, aponta a necessidade de diálogo e de comprometimento em âmbito global com a finalidade de compartilhar conhecimento e inovação. Além disso, o estudo enfatiza a necessidade de desenvolver estratégias de transformação que superem os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde no mundo inteiro.
Para Mark Britnell, líder da área de Saúde da KPMG International, "organizações e sistemas de saúde têm seu próprio mercado e ambiente regulatório para levar em consideração, mas existem muitos desafios em comum entre eles. Não deveria haver desculpas para a falta de urgência e "não fazer nada" não é uma opção."
Marcos Boscolo, líder da área de saúde da KPMG no Brasil, explica a situação brasileira. “O setor de saúde no Brasil possui dois mundos distintos: o privado, acessado por uma pequena parcela da população; e o público, que em sua maioria encontra-se sucateado, e que não está preparado do ponto de vista humano e tecnológico para atender com qualidade e rapidez as necessidades da população, principalmente a população mais idosa, que necessita de cuidados especiais”.
O relatório identifica alguns fatores determinantes em comum que estão moldando o setor de saúde mundial e ainda enfatiza a necessidade do início de um diálogo internacional. Além disso, o estudo indica vários países que estão utilizando estratégias que proporcionam melhorias na qualidade e, ao mesmo tempo, economia com a diminuição de custos.
As principais constatações do relatório incluem: • A mudança de "volume para valor" nos sistemas de saúde, que estão buscando eliminar a recompensa pela quantidade em detrimento à qualidade (o número de tratamentos realizados em vez de benefícios aos pacientes e de melhorias gerais para a saúde da população). • O relacionamento entre pacientes, médicos, contribuintes e prestadores de serviços de saúde é essencial. Evidências mostram que os pacientes geralmente tomam decisões melhores (e mais eficazes em termos de custos) quando são devidamente informados sobre suas opções. • Os pacientes estão exigindo ter mais controle sobre seu próprio tratamento, pressionando os médicos para que eles deixem o papel de "Deus" e assumam o papel de "Orientador".
Esses fatores determinantes preveem a necessidade de uma transformação em direção a:
• Uma nova geração de "gestores ativistas" - tanto governos, quanto companhias de seguros - que estão reinventando-se como agentes transformadores por meio de contratações seletivas e direcionadas e fazendo com que os prestadores de serviços de saúde repensem seus modelos para trazer soluções mais inovadoras e integradas. • Prestadores de serviços de saúde que assumam a responsabilidade pelos resultados e pelas melhorias relacionadas à saúde. Isso pode significar a adaptação de hospitais por meio de sua transformação em "sistemas de saúde" responsáveis por todos os tipos de tratamento e pela saúde de sua comunidade. • O surgimento de uma forma mais genuína de parcerias à medida que os prestadores de serviços de saúde e os contribuintes começam a enxergar os benefícios relacionados à qualidade e aos custos que poderão surgir a partir de uma integração eficaz e de um foco em resultados.
Foto: Ricardo Viveiros - Oficina de ComunicaçãoFonte: Ricardo Viveiros - Oficina de ComunicaçãoPostador: Chris Rodrigues