Segunda maior rede de diagnósticos de Belo Horizonte, o Laboratório São Marcos planeja crescer por meio de aquisições e elevar sua receita em mais de 300% num prazo de quatro anos. A empresa aposta em um plano de expansão que começou a pôr em prática no início do ano. De lá para cá, comprou dois laboratórios em Minas Gerais e um em São Paulo.
As operações movimentaram cerca de R$ 40 milhões, recursos advindos de empréstimos junto a bancos comerciais e do caixa próprio. Os donos da companhia disseram que até agora não foi preciso recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Com a queda de juros da Selic, as taxas dos bancos comerciais passaram a ficar mais atraentes e eles não têm a burocracia do BNDES", diz Ricardo Dupin, diretor executivo do São Marcos, que está há um ano na empresa.
O Laboratório São Marcos tem 76 anos e está nas mãos da terceira geração. Três irmãos, Bruno, Rodrigo e Mariana Cerqueira - todos na faixa dos 30 e 40 anos - detêm, cada um, 33% da empresa. Eles integram o conselho de administração e atuam também na administração. O pai, Cláudio Cerqueira, é o presidente.
A fase da profissionalização começou há quatro anos e a ideia é que a partir de 2018 a família limite sua atuação ao conselho, que deve ganhar um membro externo. Ricardo Dupin assumiria o cargo de CEO.
O São Marcos cresceu de modo acelerado nos últimos anos. Sua receita bruta saiu de R$ 5 milhões em 2005 para R$ 103 milhões em 2016, e tem previsão de atingir R$ 160 milhões este ano.
"A empresa foi muito assediada nos últimos anos por concorrentes e fundos de investimento, mas a decisão dos acionistas foi preparar um plano de crescimento autônomo", disse Dupin.
Pelo plano, a meta é chegar a 2021 com uma receita bruta na casa dos R$ 700 milhões, disse.
O principal concorrente do São Marcos é a maior rede de laboratórios de Belo Horizonte, o Hermes Pardini. Também controlado por três irmãos herdeiros, o Pardini registrou em 2016 receita de quase R$ 900 milhões. A empresa abriu capital na bolsa em fevereiro quando captou R$ 878 milhões.
Dupin, que já foi vice-presidente do Pardini, afirma que o mercado privado de análises clínicas em Belo Horizonte e região movimenta cerca de R$ 300 milhões. Segundo ele, o São Marcos tem uma fatia de 30% desse total e o Hermes Pardini, 45%. Laboratórios de menor porte respondem pelo restante. Dois gigantes, Dasa e Fleury, não atuam no mercado da capital mineira. O Pardini apresenta outro dado e diz deter 70% de participação em análises clínicas na capital e região metropolitana.
Em fevereiro, o São Marcos comprou o Laboratório Eucordis, em Contagem (MG); em abril; o Labhorn, com unidades na região metropolitana de São Paulo; e em junho, o Dairton (BH).
O São Marcos sempre teve como forte o atendimento ao cliente final. Mas recentemente, a empresa passou a apostar também na realização de exames para laboratórios menores.
"Em dezembro ou janeiro, devemos fechar mais uma compra", diz Dupin. "E temos um 'pipeline' no qual estamos muito confiantes que vamos fechar a aquisição de mais quatro empresas em 2018". Todas, segundo ele, para reforçar um lado do negócio da empresa que é o de realizar exames para laboratórios menores. É um nicho que a empresa entrou em 2016 e que em setembro gerou uma receita de R$ 1 milhão com pouco mais de 100 clientes. É um negócio no qual o Hermes Pardini apresenta-se como líder nacional.
Dupin diz que o horizonte do São Marcos é que o serviço de apoio gere R$ 200 milhões de receita líquida em 2021.
O São Marcos tem 71 unidades de atendimento em geral, das quais 61 estão em Belo Horizonte e região e 10 em São Paulo.