Operadoras abandonam plano de saúde individual
Valor Econômico
19/06/2013

Operadoras abandonam plano de saúde individual

Por Beth Koike | De São Paulo

Três grandes operadoras de planos de saúde - Amil, Golden Cross e Intermédica - estão interrompendo ou restringindo a venda de planos individuais e por adesão, modalidade que atende principalmente os profissionais liberais. Atualmente, há quase 10 milhões de usuários com convênios médicos individuais no país.

A Amil, adquirida pela americana United Health Group em outubro, vai interromper a venda de planos de saúde individuais neste mês, segundo o Valor apurou. A operadora enviou em 23 de maio o pedido para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que tem 30 dias para responder. Segundo fontes do setor, mesmo sem o aval da agência reguladora a operadora pode "dificultar" a entrada de novos usuários de planos individuais, adotando, por exemplo, uma série de exigências e preços elevados. Hoje, a carteira de convênio individual da Amil tem cerca de 1,2 milhão de beneficiários.

 

 

Procurada pelo Valor, a Amil informou que está estudando uma readequação de seus planos de saúde individuais e que ainda não há nada definido sobre a interrupção na comercialização. Porém, a reportagem contatou grandes corretoras que informaram ter recebido orientação da própria Amil para não vender mais a modalidade a partir desta segunda quinzena de junho.

A carioca Golden Cross paralisou há cerca de 10 dias a venda de seus planos individuais nas corretoras, o principal canal de venda para esse tipo de convênio. Segundo a operadora, é possível comprar um plano individual da Golden Cross diretamente na operadora, sem intermediários. Mas, ainda de acordo com fontes do setor, essa é uma forma de restringir a comercialização.

Neste mês, a Intermédica também paralisou as vendas de planos por adesão, modalidade em que muitos profissionais liberais adquirem o convênio médico. "Suspendemos a venda por adesão para analisar melhor a massa que já temos. Nossa carteira atual no adesão é de 30 mil vidas", disse Paulo Barbante, presidente da Intermédica, que desde 2011 também não vende planos individuais.

A Amil era a última grande operadora a oferecer convênio médico para pessoa física. Seguradoras como Bradesco e SulAmérica, por exemplo, já não atuam nesse segmento há muitos anos. Segundo as empresas do setor, o motivo dessa debandada é que o reajuste dos planos de saúde individuais é regulado pela ANS e os aumentos autorizados pela agência ficam aquém da variação dos custos médicos e hospitalares. Com isso, o crescimento desse mercado vem desacelerando (ver ao lado). No ano passado, o número de pessoas com planos individuais cresceu apenas 1,6%. Já no segmento empresarial, onde há a livre negociação entre operadoras e contratantes, o aumento ficou em 3,05%.

Entre as grandes empresas do setor, apenas as Unimeds e a HapVida, que atua no Norte e Nordeste do país, ainda vendem planos de saúde para pessoa física.

Questionada sobre a saída de grandes operadoras do segmento de planos individuais, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou, por meio de comunicado, que como órgão regulador do setor está sempre atenta ao assunto e monitora o tema com estudos e análises de cenário.

 

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