Políticas de prevenção contra a obesidade podem não apenas melhorar o bem-estar das pessoas, como reduzir os custos dos sistemas de saúde. De acordo com um relatório divulgado pela World Obesity Federation, o tratamento de doenças relacionadas à condição, como problemas cardiovasculares, cânceres e diabete, irão custar ao mundo cerca US$ 1,2 trilhão anuais a partir de 2025.
Os custos médicos anuais do tratamento das consequências da obesidade são realmente alarmantes — comentou Ian Caterson, presidente da organização, em entrevista ao “Guardian”. — A vigilância contínua da World Obesity Federation mostram que a prevalência da obesidade aumentou dramaticamente ao longo dos últimos dez anos, com uma estimativa de 177 milhões de adultos sofrendo de obesidade severa em 2025. Está claro que os governos precisam agir agora para reduzir esse peso sobre suas economias.
O relatório estima que em 2025 existirão 2,4 bilhões de adultos com sobrepeso e 800 milhões de obesos no mundo, e muitos deles precisarão de atendimento médico. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, hoje as doenças relacionadas à obesidade matam 2,8 milhões de pessoas anualmente e a condição já alcançou níveis epidêmicos.
Os EUA pagarão a maior conta. Segundo a estimativa, os gastos médicos com doenças relacionadas à obesidade subirão de US$ 325 bilhões em 2014 para US$ 556 bilhões em 2025. No acumulado entre 2017 e 2025, os gastos serão de US$ 4,25 trilhões. De acordo com a organização, o valor elevado deve-se em parte aos altos custos dos serviços médicos americanos, mas todos os países terão aumentos significativos nos gastos, e muitos, provavelmente, não terão como arcar com eles.
No Brasil, por exemplo, os custos anuais com os problemas de saúde provocados pelo excesso de peso subirão de US$ 16,7 bilhões em 2014 para US$ 34 bilhões em 2025. No acumulado dos próximos oito anos, a estimativa é de gastos de US$ 252 bilhões. Na Alemanha, os custos crescerão de US$ 31 bilhões para US$ 50 bilhões, com gastos acumulados de US$ 390 bilhões.
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— Para países de renda média nós veremos um impacto enorme — avaliou Tim Lobstein, diretor de políticas da World Obesity Federation. — Em países do Oriente Médio e da América Latina, onde os serviços de saúde já estão apertados, ficarão ainda mais. E estas são as regiões onde a obesidade entre crianças e adultos vem crescendo nos últimos anos.
Segundo Johanna Ralston, diretora executiva da federação, medidas para conter as bebidas açucaradas são um importante passo que muitos países estão dando na luta contra a obesidade:
— Agora existe um foco nas bebidas açucaradas, o que é fantástico. Eu acho que assim como o tabaco, nós precisamos achar algo que seja tangível para os governos e mensurável — comentou. — Mas isso não é suficiente.