O aumento na frequência de utilização dos serviços de assistência médica impulsionou a inflação da despesa assistencial per capita no ano de 2016, que atingiu 19,2%. O valor é 2,8 vezes superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) registrado em 2016, 7%. Os dados foram divulgados, nessa quinta-feira (5), no 3º Fórum da Saúde Suplementar promovido pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde).
No entanto, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) contestou a informação por meio de dados, fornecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que contrariam a pesquisa. Segundo a Agência, as despesas assistenciais cresceram em 14,13% no último ano. A pesquisadora em saúde do Idec, Ana Carolina Navarrete, completou que a diferença entre receitas e despesas foi positiva, totalizando R$ 24,33 bilhões em lucro. “Isso indica que os custos cresceram, mas as mensalidades também e o saldo é positivo”, explicou por nota.
O estudo apresentado no Fórum também indica que a variação acumulada no Brasil, 80,2%, cresce de forma mais acentuada do que em países desenvolvidos como Japão, 57,9%, Estados Unidos, 47,6%, Canadá, 43,6%, França, 38%, e Reino Unido, 31,9%. De acordo com a FenaSaúde, o aumento está associado, principalmente à crescente incorporação tecnológica sem a devida avaliação de custo-efetividade. Uma maior utilização de exames, consultas e procedimentos de alta complexidade contribui para esse cenário.
Solange Beatriz, presidente da FenaSaúde, destacou que o setor da saúde suplementar, com quase 70 milhões de beneficiários, é um poderoso agente da economia nacional e representa 2,6% do PIB do país. “Ano passado, mesmo com a saída de um milhão e meio de beneficiários, realizamos um bilhão e quatrocentos milhões de procedimentos: consultas, exames, terapias e internações”, afirmou. Conforme ela ressaltou, esses atendimentos representam R$ 137 bilhões em despesas assistenciais médicas e odontológicas.