Com o aumento do número de fintechs no país, cresce a quantidade de aceleradoras e programas de apoio voltados a essas startups do setor financeiro. De acordo com pesquisa do Centro de Estudos de Private Equity da Fundação Getulio Vargas (GVCepe), 67% dos investimentos das aceleradoras já vão para empresas inovadoras da área financeira, mesmo volume dedicado aos empreendimentos ligados à indústria. Há inscrições abertas para ações de incentivo, válidas para este ano.
Na Startup Farm, aceleradora fundada em 2010 que apoiou mais de 250 startups, 10% ou 27 empresas do portfólio são fintechs. Segundo o CEO Alan Leite, essa participação ganhou peso principalmente nos últimos doze meses. Em setembro, a entidade abriu inscrições para um programa de aceleração, batizado de Ahead e patrocinado pela Visa, que recebeu mil inscrições para até dez vagas. A quinta edição da iniciativa ganhou uma rodada especial somente para fintechs.
"Hoje, os focos principais das startups financeiras são os segmentos de investimentos e crédito, principalmente para as classes média e baixa", diz Leite. "Elas se propõem a oferecer taxas e condições de retorno melhores do que as opções tradicionais do mercado."
O programa Ahead, que inclui seis meses de aceleração com mentores e investidores, já ajudou participantes que ganharam visibilidade no exterior, como a Total Cross, única brasileira classificada para o concurso K-Startup Challenge, realizado na Coreia do Sul.
No processo de aceleração, a Startup Farm pode investir até R$ 150 mil por um percentual dos negócios, enquanto as aceleradas têm acesso a US$ 700 mil em benefícios de parceiros e ferramentas de trabalho.
Na semana passada, outra companhia apoiada, a gestora de investimentos Vérios, foi escolhida para a etapa final da Everywhere Initiative, competição global de fintechs promovida pela Visa. Ao todo, 50 semifinalistas concorrem em cinco capitais da América Latina.
"Muitos investidores e empresas passaram a olhar as fintechs como oportunidades de negócio e não mais como concorrentes", avalia Ítalo Flammia, diretor da Oxigênio, aceleradora criada há dois anos e mantida pela Porto Seguro. A organização já apoiou 19 startups e mais cinco passam agora pelo quarto ciclo de aceleração. Do total, 21% são fintechs, como a Confere, de gerenciamento e controle de vendas com cartões de crédito.
A aceleradora tem investido em startups com, pelo menos, uma solução protótipo e equipes de três a seis pessoas, diz Flammia. Já convocou empresas voltadas a crédito, de investimentos e gestão financeira, além de meios de pagamento e inteligência de mercado. A Porto Seguro aplica US$ 150 mil nos empreendimentos.
"As mais promissoras incluem alternativas que melhoram a experiência do consumidor ou permitam a inclusão financeira de clientes sem conta bancária ou cartão de crédito." O próximo ciclo de aceleração da Oxigênio está marcado para o início de 2018.
Este ano, o Santander lançou, em parceria com a Endeavor, o programa Radar Santander, para empresas que apresentam alto crescimento (scale-ups, na expressão em inglês). "Recebemos 344 inscrições e foram escolhidas cinco companhias para sete meses de aceleração", diz Gustavo Bahia, superintendente de desenvolvimento corporativo do banco. Do total de classificadas, mais da metade vem da área financeira. Os empreendedores ganham um diagnóstico corporativo, mentorias de executivos do banco e da Endeavor, além de uma potencial geração de negócios, por meio de clientes e parceiros da instituição financeira.
"Fintechs e grandes corporações são complementares em determinados aspectos", analisa Bahia. "Temas como acesso a clientes, canais de distribuição e cultura para a inovação darão o tom dessas relações." Novas edições do Radar Santander estão previstas.
Este mês, o Facebook abriu inscrições para a aceleração de startups de impacto social. Em parceria com a aceleradora Artemísia, a meta é selecionar até dez ideias que possam gerar transformações sociais, em larga escala. Na área de fintechs, a procura é por serviços de educação e inclusão financeira.