Estudo produzido pela Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação (Abep) mostra que para cada R$ 1 a mais investido pelos Estados em tecnologia é possível reduzir as despesas de custeio dos governos estaduais em até R$ 9,42.
Em meio à crise fiscal vivida por todas as esferas administrativas do país, a pesquisa foi contratada para subsidiar futuras decisões de governos. "Ainda mais que ano que vem temos eleição, acreditamos que podemos orientar políticas que tornem as ações dos Estados mais eficientes, ampliando também sua eficácia", diz Márcio Silva de Lira, diretor-presidente da Processamento de Dados Amazonas (Prodam), empresa de economia mista responsável pela TI do governo estadual amazonense.
Baseado em documentos sobre bem-estar digital da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e trabalhos acadêmicos sobre impactos de gastos em tecnologia no setor público americano, o estudo da Abep analisou gastos de funções e subfunções orçamentárias relacionadas à compra de equipamentos, infraestrutura de tecnologia e a telecomunicações dos 26 Estados brasileiros mais o Distrito Federal entre 2004 e 2014. A partir da análise de 43 variáveis básicas e outras derivações foi construído um modelo econométrico para sustentar os resultados da pesquisa.
O autor da pesquisa, Alexandre Almir Ferreira Rivas, professor colaborador da Washington and Lee University, explica que a redução geral de gastos estaduais em função do aumento do investimento em tecnologia da informação e comunicação (TIC) não é imediata, podendo sofrer uma defasagem de no mínimo dois anos. "É possível que [índice maior investimento dos Estados] ajude a melhorar a posição intermediária do Brasil no ranking mundial de TIC, hoje em 63º de um total de 175 países analisados pela OCDE", avalia Rivas.
Em Sergipe, conta Ézio Prata Faro, diretor-presidente da Empresa Sergipana de Tecnologia da Informação, boa parte da burocracia administrativa foi digitalizada recentemente, mas a área técnica do governo ainda não contabilizou a redução de custeio no orçamento do Estado. "A economia é clara, o estudo pode ajudar a mensurar isso. O que dá para saber é que houve um ganho grande de eficiência", diz.
Além do impacto fiscal positivo, o aumento de investimento em TIC, mostra o estudo da Abep, contribui para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados e para economizar com educação.
O cálculo sobre o PIB indica que interações entre gastos com TIC e outras despesas orçamentárias têm "forte contribuição para a formação de riqueza. Para 1% de aumento de investimentos em tecnologia o PIB pode crescer 0,058%", assinala a pesquisa.
Cada R$ 1 investido em tecnologia pelos Estados gera economia de R$ 2,03 nos gastos educacionais, indica a pesquisa. A adoção de uma plataforma completamente online para registro de matrículas de alunos da rede estadual foi um exemplo de redução de gastos citado pelo presidente do Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina (Ciasc), Ivan Cezar Razonlin. "Não temos mais filas nas diretorias regionais de ensino e nas escolas e dependemos de muito menos pessoal na área administrativa da Secretaria de Educação", ilustra Ranzolin.