“Devemos adotar tecnologia sem custos extraordinários”, diz Jatene
28/09/2017

Intel e a Fundação Zerbini, com o apoio do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) e do Instituto do Coração (InCor – HCFMUSP), assinaram um acordo de colaboração para identificarem e desenvolverem projetos de tecnologia digital em melhorias de processos hospitalares.

Para entendermos o que o InCor espera como resultado final dessa parceria e  o que pensa a respeito da adoção de novas tecnologias, conversei com o Dr. Fabio Jatene, Vice-Presidente do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP) e Coordenador do INOVAInCor (Núcleo de Projetos de Inovações do InCor Fundação Zerbini).

De acordo com Jatene, essa parceria faz parte do projeto de inovação do Hospital das Clínicas e do InCor que especificamente se chama INOVAInCor. Este convênio de co-inovação com a Intel prevê o desenvolvimento de processos que ajudarão a instituição a avançar na comunicação de dados dos pacientes. Esperamos do projeto assegurar mais eficiência e qualidade no atendimento.

Entretanto, adoção de novas tecnologias médicas representa hoje um dos grandes desafios dos sistemas de saúde. Se por um lado é desejável ampliar o acesso a terapias mais eficazes, por outro esse é apontado com um dos fatores que mais encarecem a assistência médica. Como viabilizar o acesso a essas terapias em um cenário economicamente desfavorável, acompanhando do envelhecimento populacional? Em relação a essa questão, Jatene afirma que de fato o desenvolvimento de novas tecnologias é um dos fatores que tem encarecido progressivamente o cuidado do paciente. Para ele o que precisamos fazer é usar essa tecnologia de uma forma inteligente, porque senão o processo de incorporação de tecnologia fica inviabilizado, porém existem possibilidades de não abandonar a adoção, o desenvolvimento de tecnologias nos nossos próprios centros costuma ser mais acessível e mais barata, ou seja, é mais viável ter uma tecnologia desenvolvida nacionalmente do que ter que importá-la.

“Devemos incorporar a tecnologia sem custos extraordinários, sem pôr em risco o sistema”, foi assim que ele definiu como um segundo fator que implica em utilizar a tecnologia considerada “importante e imprescindível”, quer dizer, adotar de fato o que trás benefícios e se apresenta mais efetivo e eficiente para o setor.

Sobre a alta porcentagem de atendimentos para pacientes do SUS e como manter a sustentabilidade financeira da instituição, ele nos elucida que o sistema público de saúde é um sistema muito bem concebido na sua estrutura, na sua hierarquização, contudo existem dificuldades de financiamento. Para o Vice-Presidente do InCor umas das dificuldades que a instituição apresenta se comparada a outros hospitais ou centro privados é que a instituição dispõe de um orçamento relativamente restrito para adquirir ou ter acesso a tecnologias mais avançadas. Sendo assim, cabe ao Instituto buscar primeiramente desenvolver projetos internos no Inova Incor que beneficiem os pacientes. Outra possibilidade é que o InCor conta com um sistema misto de atendimento que atende 20% dos pacientes no sistema de convênio, e declara que a organização utiliza esse recurso em benefício do SUS (Sistema Único de Saúde), com o objetivo de promover atendimentos de alta qualidade.

Para Jatene, o Instituto InCor continua se mantendo como um centro importante, que busca atender os pacientes com assertividade, da melhor forma, dentro do sistema público. E destaca que o fator mais importante para entender o InCor, é que o Instituto é também um forte centro de pesquisa, que está o tempo todo buscando se aprimorar em sua área de atuação.





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