A experiência das companhias maiores na área de inovação também pode servir de inspiração para as pequenas, segundo especialistas. Na corretora Segurar.com, criada em 2010, a inovação aparece na maneira de vender seguros: a operação é 100% on-line. "Em um segmento sabidamente conservador, foi mais que uma ousadia", diz o CEO Oswaldo Romano Jr.
Até julho, a companhia deve entregar 26 tipos de apólices, entre automotivas, de vida e residencial. Para isso, criou um software que se comunica com os sistemas das grandes seguradoras e permite vendas mais dinâmicas.
Segundo Romano, um dos segredos do perfil inovador do negócio está nos currículos dos sócios do projeto - todos já pilotaram empreendimentos de ponta. "Quando começamos, batíamos às portas das seguradoras para tentar uma reunião. Hoje, somos sondados por grupos internacionais que desejam nos ajudar a alcançar objetivos maiores."
Para José Hernani Arrym, sócio da consultoria Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, os principais desafios que os empresários têm de vencer para adotar rotinas inovadoras é conseguir bons líderes, adotar um sistema organizado de ações e conhecer o sistema nacional de inovação.
O especialista lembra que somente a Agência Brasileira da Inovação (Finep) dispõe de um orçamento de R$ 8 bilhões em 2013, um recorde na história da entidade. "A maioria das empresas, especialmente as pequenas e médias, não faz inovação de forma sistemática e poucas têm parcerias com universidades, donas da maior capacidade de pesquisa no país."
O Grupo Nexxera, de serviços para o varejo, indústria e mercado financeiro, que fatura R$ 46,4 milhões ao ano, decidiu transformar suas linhas de pesquisa em "unidades de negócios", ou startups, e ainda contratou executivos especializados para desenvolver projetos. "Com isso, as empresas da holding passaram de três para dez companhias", diz o presidente Edson Silva. Doze por cento do faturamento são destinados à área de inovação.
O grupo já desenvolveu um aplicativo financeiro gratuito, o Yupee, que alcançou 140 mil usuários em 2012, e investiu R$ 1 milhão em uma plataforma de soluções on-line para o gerenciamento de micro e pequenas empresas, com emissão de nota fiscal eletrônica e pagamentos. Até 2014, deve investir R$ 6 milhões em mais projetos inovadores. "O nosso crescimento anual, acima de 20%, é resultado das vendas mas, especialmente, do que oferecemos de diferencial."
Para Francilene Procópio Garcia, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), a busca pela inovação não deve ser vista apenas sob a ótica financeira, mas de cultura organizacional. "É uma forma de atrair e manter profissionais qualificados e motivados a construir soluções para o mercado", diz.
A experiência dos competidores pode servir de lição para os pequenos. A gigante P&G, que tem 26 centros de inovação e oito mil cientistas em todo o mundo, não poupa esforços para investir em programas de colaboração aberta. "Pelo menos 50% de todos os lançamentos possuem, no mínimo, um componente de inovação produzida fora da P&G", diz a diretora de comunicação Gabriela Onofre.
Segundo John Biggs, diretor de P&D para a América Latina da Dow, com quatro centros de pesquisa no Brasil, as inovações na companhia são direcionadas para negócios de alto retorno e mercados com capacidade de entregar ganhos em curto prazo. Em 2011, mais de 30% das vendas globais da multinacional de química e plásticos vieram de produtos lançados nos últimos cinco anos.
Manfred Staneck, diretor de vendas da Novelis para a América do Sul, lembra que não é tarefa simples surpreender o mercado com a oferta de mercadorias inovadoras quando o item a ser substituído é um sucesso comercial. A corporação acaba de lançar um tipo de alumínio com alto teor de material reciclado (90%) para latas de bebidas. "O objetivo é fabricar uma latinha com até 100% de alumínio reaproveitado", diz. (JS)
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