Chineses saem à frente na disputa pelo mercado de pagamento digital
25/09/2017
O Vale do Silício é a sede das empresas de tecnologia mais influentes do mundo focadas no consumidor, mas os titãs de internet chineses estão muito à frente na corrida para criar serviços de pagamentos móveis em muitos dos mercados de consumo em crescimento mais rápido no mundo.

O mercado chinês de pagamentos digitais, de longe o maior do mundo, é dominado pelo Alibaba Group Holding, gigante de comércio eletrônico, e pela companhia de mídia social Tencent Holdings . Agora, ambas estão injetando dinheiro e know-how em startups de dinheiro móvel em outros mercados asiáticos, da Indonésia à Índia.

As pessoas em toda a Ásia estão migrando do dinheiro para aplicativos de smartphones ao comprar bens e transferir dinheiro entre indivíduos, mas as empresas americanas "ainda estão muito focadas em seu mercado doméstico", tentando ampliar o uso nos EUA, disse Shiv Putcha, analista da empresa de pesquisa IDC, em Mumbai.

Na China, os códigos QR são amplamente usados pelos donos de smartphones para pagar contas e fazer compras em lojas e em máquinas de venda - tendo contribuído para um mercado de US$ 9 trilhões de pagamentos móveis em 2016, segundo a iResearch. Isso é quase 90 vezes o tamanho do mercado de pagamentos móveis dos EUA, de US$ 112 bilhões, de acordo com dados da Forrester.

Duas plataformas de pagamentos - o Alipay e o Tenpay, do Alibaba, são responsáveis por aproximadamente 90% dos pagamentos, em valor de transações via internet, na China, diz a iResearch. À medida que o mercado chinês amadurece, Alibaba e Tencent passam a focar a expansão para o exterior, ajudando startups locais em mercados emergentes a operar sistemas de dinheiro móvel que não necessitam cartões plásticos.

Investidores chineses proveram a maior parte do financiamento de US$ 2,7 bilhões para startups asíáticas de tecnologia financeira no segundo trimestre deste ano, segundo a CB Insights. Sua experiência na China e know-how técnico pode ser ainda mais valioso.

Como na China, comerciantes em muitos países emergentes não possuem máquinas de ponto de venda necessárias para processar pagamentos por meio do Apple Pay, da Apple, e do Android Pay, da Alphabet. Por outro lado, poucos consumidores nesses mercados possuem cartões de crédito ou de débito para fazer pagamentos.

O Paytm, maior aplicativo de pagamentos móveis na Índia, se inspira no Alibaba, um de seus principais financiadores. O diretor financeiro da Paytm, Madhur Deora, disse que sua empresa se beneficia de reuniões frequentes com executivos do Alibaba. "Nós trocamos ideias sobre design e produtos" e como os serviços podem aumentar o envolvimento dos usuários, disse Deora. É incalculável, segundo ele, o valor proporcionado pelo apoio de um parceiro que sabe que se um novo recurso decolar, "você poderá ter 100 milhões de usuários".

Quando o governo da Índia, no ano passado, retirou 86% da moeda em circulação para reprimir a corrupção e a evasão tributária, a Paytm entrou em ação. A empresa inundou os varejistas indianos - a grande maioria dos quais não aceita cartão de crédito porque não possuir a máquina de leitura - com adesivos estampando o logotipo Paytm e códigos QR. O número de usuários do serviço disparou.

Agora, a Paytm é usada na Índia para pagar artigos comprados de ambulantes, deslocamentos em riquixás e muito mais. Os vendedores não precisam de outro dispositivos além do código QR, que transfere dinheiro da conta móvel do comprador para o vendedor.

A Paytm ganhou músculo, em maio, ao captar US$ 1,4 bilhão do SoftBank Group Corp, do Japão.

O Google, da Alphabet, lançou na semana passada seu próprio aplicativo de pagamentos móveis via smartphones na Índia, que as pessoas podem usar para transferir dinheiro para outras pessoas e empresas sem ter de usar um cartão de crédito ou débito. Enquanto isso, o Alibaba e sua afiliada Ant Financial investiram na Ascend Money, uma empresa de serviços financeiros na Tailândia.

Os reis de pagamento digital da China têm outro incentivo para expandir: turistas internacionais chineses, um grupo de consumidores que cresce rapidamente. A Alibaba e a Tencent querem incorporar links a suas plataformas de pagamento móvel para assegurar que seus serviços estejam disponíveis aos consumidores chineses em qualquer local para onde viajem.

A Ant Financial firmou uma parceria com o grupo de mídia indonésio Emtek para lançar um serviço de pagamentos digitais nesse país e com uma empresa de tecnologia financeira nas Filipinas.

Em 2016, a Tencent promoveu uma rodada de captação de fundos de US$ 175 milhões a serem injetados na Hike, um aplicativo indiano de mensagens. Em junho, a Hike incorporou um recurso de pagamentos em sua plataforma, superando concorrentes maiores.
Fonte: Valor




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