O Brasil teve 11,736 mil suicídios reportados em 2015, de acordo com a primeira edição do Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil divulgado nesta quinta-feira pelo Ministério da Saúde. Isso faz com que a taxa no país seja de 5,7 casos a cada 100 mil habitantes.
E essa taxa é maior entre os idosos, e crescente de acordo com a idade do grupo analisado. Entre pessoas com 70 anos ou mais, a mortalidade autoinfligida é de 8,9 a cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar, vem a parcela entre 50 e 59 anos, com 8 óbitos a cada 100 mil habitantes. “Não é um fenômeno só brasileiro. Nessa parte da população há maior incidência de doença crônica, solidão, abandono”, explicou a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Maria de Fátima Souza.
Entre pessoas com idade entre 40 e 49 anos, a taxa de suicídio é ligeiramente inferior, 7,9, e cai para 7,4 nas pessoas com idade de 30 a 39 anos e 6,8 no grupo entre 20 e 29 anos. A taxa entre crianças de 5 anos de idade e jovens de 19 é a menor entre as faixas etárias analisadas, e a única abaixo da média, 1,7 a cada 100 mil habitantes, responsável portanto por puxar o indicador geral para baixo.
Outro dado trazido à tona pelo estudo é a alta prevalência de suicídio na população indígena. Entre eles, a taxa é de 15,2 a cada 100 mil habitantes, enquanto entre brancos é de 5,9 a cada 100 mil. Já entre negros a taxa é de 4,7 e na população de origem asiática é de 2,4. “É um alerta, porque a população indígena é pequena, de quase 1 milhão no país, com 300 línguas diferentes. É uma população que tem se matado e em idade muito jovem”, explicou Maria de Fátima.
Os dados servirão para balizar as ações do Brasil para cumprir a meta acordada com a Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir em 10% a mortalidade por suicídio. O objetivo é que o levantamento seja atualizado anualmente.
Um dado destacado pelos técnicos do Ministério da Saúde é que a existência de um Centro de Apoio Psico Social (Caps) em um município reduz em 14% o risco de suicídio naquela localidade. “A região Sul concentra 23% dos suicídios no Brasil e 14% da população. A análise sinaliza que tem que colocar Caps lá”, disse Maria de Fátima.
CVV
Uma ação já acordada pelo Ministério da Saúde é a expansão da gratuidade nas ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV) para oito Estados – hoje a ligação é gratuita só no Rio Grande do Sul.
O CVV oferece apoio emocional e prevenção de suicídio. O serviço é gratuito, mas a ligação é tarifada, o que prejudica sua atuação. A partir do convênio com o Ministério da Saúde, as ligações para o CVV serão gratuitas em oito Estados: Acre, Amapá, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima e Santa Catarina. Isso permitirá cobrir 21% da população brasileira.
As ligações recebidas pelo serviço no Rio Grande do Sul tiveram um aumento significativo: passaram de 4,5 mil em setembro de 2015 para 58,5 mil em agosto deste ano. A meta é expandir a gratuidade para toda a população brasileira em até três anos.