Doutora em engenharia de produção, Leila Jansen entendia tudo de química, mas pouco de empreendedorismo quando, em 2008, desembarcou na incubadora do Cietec, em São Paulo. Naquela época, a Chem4U acabara de ser criada com um forte viés acadêmico e muita inovação.
A dificuldade estava em transformar conhecimento em negócio, já que a empresa desenvolve aditivos biocidas à base de nanotecnologia e verniz bactericida que combatem a contaminação por contato. As coisas começaram a ficar mais claras quando, a convite do próprio Cietec, a empresária participou de uma palestra do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) sobre o Empretec.
Desenhado pelas Organização das Nações Unidas (ONU) para desenvolver características de comportamento empreendedor em quem pensa em abrir um negócio, ou mesmo para quem já é empresário, o programa do Empretec leva em consideração o fato de que o sucesso empresarial não depende apenas da habilidade do empreendedor para gerenciamento do negócio, mas, principalmente, do melhor aproveitamento de características do próprio empreendedor.
No total, são trabalhados 10 pontos básicos: busca de oportunidade e iniciativa, persistência, correr riscos calculados, exigência de qualidade e eficiência, comprometimento, busca de informação, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento sistemáticos, persuasão e redes de contato, além de independência e autoconfiança. O programa é ministrado no Brasil com exclusividade pelo Sebrae.
O Empretec é aplicado por aqui há 20 anos em forma de seminário, com duração de seis dias, num total de 60 horas. O participante é estimulado a desenvolver as suas características empreendedoras e conseguir identificar novas oportunidades de negócios. "Por ser uma capacitação comportamental, o programa pode proporcionar aos seus participantes melhorias no desempenho empresarial, maior segurança na tomada de decisões, ampliação da visão de oportunidades, aumentando as chances de sucesso", afirma Luiz Barretto, presidente do Sebrae Nacional.
A empresária Leila Jansen sabe o que significam as palavras do presidente do Sebrae. "Nos primeiros dias de imersão eu comecei a descobrir pontos fortes no meu comportamento que até então eu desconhecia", admite ela.
Ronaldo Guandalin, engenheiro de produção mecânica com MBA em administração e gestão de negócios, também mergulhou no Empretec em busca de mudanças comportamentais e mais segurança para tocar o próprio negócio. "Tanto eu quanto meu sócio nascemos para o mercado como empregados", afirma ele. "Mudar de lado da mesa exigia não só vontade, mas também uma nova postura", afirma Guandalin.
Nove anos depois do curso, a Multitec Construções, especializada em reformas e manutenção industriais, com sede em São Paulo, realiza uma média de 120 projetos e espera faturar R$ 3 milhões este ano. "De olho na expansão, adquirimos em abril uma franquia da Dr. Faz Tudo, o primeiro passo para transformar a Multitec em um grupo com vários braços", diz.
Em 20 anos de aplicação no Brasil, o Empretec, presente em 34 países, já capacitou mais de 185 mil pessoas em mais de oito mil turmas nas 27 unidades da federação. Pesquisa feita pelo Sebrae revela que, em média, os empreendedores registraram um crescimento aos seus negócios de R$ 24,6 mil por mês após participarem do programa. Mais de 90% dos entrevistados, de um total de 1.871 empresas, confirmaram o aumento dos lucros após a conclusão do seminário e garantiram ter aplicado mudanças em seus produtos e serviços com base nos conhecimentos adquiridos.
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