Dados do FintechLab, portal nacional sobre o ecossistema das fintechs, indicam crescimento de mais de 350% no número de startups financeiras no país, em 18 meses. O total de empresas subiu de 54, em agosto de 2015, para 247 em fevereiro de 2017. Além do salto na quantidade de empreendimentos, o segmento atrai a atenção de investidores e costura planos de expansão nacional. Em algumas companhias, as operações de crédito aumentaram 200% entre o primeiro semestre de 2016 e o mesmo período de 2017.
"As áreas mais promissoras nesse mercado estão relacionadas a operações bancárias que podem ser transformadas em 100% digitais, como empréstimos e pagamentos", diz Marcus Quintella, coordenador do MBA em empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Praticamente metade da população brasileira toma empréstimo para pagar dívidas e quer resolver esse problema sem ir ao banco".
Na Avante, de soluções de microcrédito porta a porta, o objetivo é impactar um milhão de empresas e reunir dois mil agentes de crédito até 2021, tornando a operação nacional. Hoje, tem 125 agentes e presença no Ceará, Pernambuco e Maranhão. Já concedeu mais de R$ 100 milhões em microcrédito para 40 mil negócios.
A empresa começou como correspondente bancário em 2012, com negócios 100% on-line, principalmente em comunidades de baixa renda. "A ideia é atingir o equilíbrio entre receitas e despesas (break-even) em 2018", afirma o CEO Bernardo Bonjean. Até agora, passou por três rodadas de investimentos. A mais recente, em junho, captou R$ 38,6 milhões. Os recursos vieram do Fiinlab, laboratório de inovação do grupo mexicano Gentera, e do fundo Vox Capital, que já havia aplicado na startup.
Na Lendico, também de oferta de empréstimos on-line, somente em julho foram movimentados R$ 11,5 milhões, um aumento de 266% ante o mesmo mês do ano passado, quando emprestou cerca de R$ 3 milhões. Segundo o CEO Marcelo Ciampolini, comparando o primeiro semestre de 2016 ao mesmo período de 2017, houve um crescimento de mais de 200% em relação ao número de empréstimos pagos e ao faturamento.
Criada em 2013 na Alemanha, a startup opera no Brasil desde 2015, com empréstimos pessoais por meio do banco BMG, que investiu R$ 25 milhões no negócio. Começou com 12 funcionários e hoje tem 43. Atende 1,5 mil clientes ao mês e já concedeu mais de R$ 120 milhões em crédito. "A nossa tecnologia define um valor limite para o tomador e uma taxa de juros de acordo com um perfil baseado em renda, motivo da operação e regime de trabalho", diz Ciampolini. A receita vem de uma taxa, não divulgada, sobre o valor concedido. "A demanda reprimida por crédito barato deve manter o nosso crescimento".
O executivo observa uma mudança no comportamento dos clientes durante a recessão. "No auge da crise, 60% das solicitações de crédito eram para pagar dívidas, ante a aquisição de bens. Hoje, acontece o inverso". Entre o primeiro semestre de 2016 e o mesmo período deste ano, os pedidos de empréstimo para a compra de eletrônicos, veículos e viagens engordaram 246%.
Na Bom Pra Crédito, marketplace que reúne tomadores e credores, a alta nos negócios em 2016 foi de 100%, comparada a 2015. O CEO Ricardo Kalichsztein, que trabalha com financeiras como Losango e BV, afirma que o volume de participantes no site passou de menos de 100 solicitantes e dois credores, em 2014, para mais de dois milhões de clientes. "Mesmo com a estagnação do crédito ao longo da crise, conseguimos crescer com inovação digital", afirma. Na plataforma, o usuário solicita valores e prazos de uma ou mais financeiras. A empresa já intermediou R$ 100 milhões e recebe uma comissão entre 3% e 10% sobre o montante emprestado, dependendo do tíquete. Faturou R$ 3 milhões em 2016 e o plano para 2017 é faturar R$ 6,5 milhões.