Atendimento municipal reduz os deslocamentos
29/08/2017
No interior paulista, a formação de polos de saúde tem contribuído para evitar o deslocamento de pacientes aos hospitais e clínicas de alta complexidade nas capitais. O raio de atendimento ultrapassa os limites regionais e, em muitos casos, cidades como Campinas, Ribeirão Preto e Barretos tornam-se destino certo para brasileiros de outros Estados. Em Ribeirão Preto, a 320 quilômetros de São Paulo, é comum encontrar pacientes vindos do Sul do Minas e do Centro-Oeste.

"Ribeirão tem vocação para pesquisa na área médica, forma mão de obra para a saúde, possui localização privilegiada e está cercada por boas estradas", afirma Lício Cintra, presidente do Grupo São Francisco - que comanda um hospital particular de alta complexidade na cidade e uma operadora de planos de assistência médica. O grupo já lançou bases em outros quatro Estados (Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás). A operadora de saúde deve somar 1,1 milhão de vidas em sua carteira ao final deste ano.

A estratégia é manter clínicas especializadas e médicos credenciados para atender os pacientes nos municípios de origem. Os casos cirúrgicos e de internação são encaminhados para Ribeirão Preto. "É importante criar polos de atendimento. Não é viável instalar um hospital de alta complexidade em cada município", diz Cintra. Para ele, expandir o atendimento clínico - que exige estrutura mais enxuta do que a de um hospital - melhora a gestão da saúde e o deslocamento só acontece quando é necessário. Até julho, o hospital São Francisco realizou 2.248 cirurgias de alta complexidade nas especialidades de cardiologia, ortopedia, traumatologia e neurocirurgia.

Com mercado de saúde forte, Ribeirão Preto atraiu empreendimento orçado em R$ 100 milhões. Deste total, a Multiplan aportou R$ 36 milhões para a construção de um centro médico capaz de abrigar clínicas, hospital-dia, diagnóstico por imagem, laboratório e auditório. O complexo foi inaugurado em 9 de agosto e o restante do investimento será gerado pela instalação e aparelhamento das unidades de saúde. Estão previstas 30 clínicas. "Utilizamos o mesmo conceito do centro agregado ao Barra Shopping, no Rio de Janeiro", explica José Luis Celani, diretor de negócios da Multiplan.

Conectado ao Ribeirão Shopping, que conta com um hotel, o prédio reunirá diferentes especialidades. "A ideia é permitir que o paciente realize check-ups, consultas e procedimentos em um mesmo local", diz Celani. Segundo ele, aumentou a procura por este tipo de serviço na cidade. "Ninguém quer se deslocar para São Paulo para obter atendimento". E unir especialistas evita deslocamentos pela cidade. Além disso, o shopping oferta vários serviços. "Muitos pacientes vêm de outras cidades e Estados, passam dois dias por aqui realizando exames", afirma.

"Entre as características que transformam cidades em polo médico estão a presença de boas faculdades de medicina e desenvolvimento econômico", explica o médico José Windsor Angelo Rosa, presidente da Unimed Campinas. "Não é algo que se constrói artificialmente. É preciso tradição no atendimento à saúde".

Ele destaca que Campinas possui três faculdades de medicina, hospitais e centros de referência. O ambiente econômico - fortalecido pela indústria de tecnologia instalada na cidade - contribuiu para a atração e fixação de bons médicos. A proximidade com a capital é, no entanto, o maior desafio. "Ainda há o costume de ir a São Paulo para realização de check-ups e muitos residentes adquirem plano de saúde por lá".

Em Barretos, é o Hospital do Câncer que atrai pacientes de todo o país. "Somos reconhecidos internacionalmente pelas nossas pesquisas e tratamentos", comenta Henrique Prata, que administra o hospital fundado por seus pais. "O diferencial está em manter uma equipe médica multidisciplinar e com dedicação integral ao hospital", diz Prata.

O hospital expandiu suas operações, com unidades em Fernandópolis (SP), Jales (SP), Porto Velho (RO), Juazeiro (BA) e Campo Grande (MS).
Fonte: Valor




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