Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) explica sobre o processo de envelhecimento, mitos e verdades, cuidados e prevenções com a pele
A pele é o maior e mais visível órgão do corpo humano, o limite entre uma pessoa e o mundo. É ela que garante a percepção de tato, temperatura, pressão, calor e dor. É por meio desse órgão que podemos distinguir texturas e manifestar carinho tocando outro ser. Para compreender determinadas emoções, dizem que é preciso “sentir na pele”, esse órgão vital sem o qual seria impossível sobreviver.
“A pele reveste todo o nosso corpo atuando com uma eficaz barreira de proteção contra as agressões externas. É uma grande capa de proteção contra fungos, bactérias, produtos químicos, físicos e fatores ambientais, como o sol por exemplo. A pele, como qualquer órgão, sofre modificações com o passar do tempo e essas alterações ocorrem de forma variável em todas as estruturas provocando a aparência de envelhecida. O envelhecimento cutâneo se traduz principalmente por perda da hidratação, diminuição da oleosidade, diminuição da defesa imunológica contra agressores e, além disso, se torna mais frágil perdendo a capacidade de atuar como barreira protetora. Medidas simples diárias como limpeza, uso de protetor solar e hidratação podem garantir o envelhecimento com uma pele mais saudável”, destaca dra Silvia Marcondes Pereira, Coordenadora do Departamento de Dermatologia Geriátrica da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
A pele do idoso apresenta uma menor atividade das glândulas produtoras de sebo e de suor, por isso é uma pele mais ressecada e desidratada. Além disso, a menor atividade de células produtoras de colágeno e elastina, as fibras que dão firmeza e sustentação à pele, deixam a pele mais fina, mais flácida e com sulcos, e linhas de expressão, mais marcados, as rugas. Uma pele muito fina e ressecada costuma causar coceira. Não é infrequente que os idosos sofram com esse tipo de problema. Outra coisa que pode piorar o quadro de secura e coceira é o uso de algumas medicações, o uso inadequado de produtos na pele e o hábito de banhos quentes, demorados e com buchas.
A diminuição da atividade imunológica, comum na pele do idoso, torna a pele mais suscetível a infecções como micoses e viroses, tipo herpes zoster. O herpes zoster é, em geral, uma lesão que surge de repente, muito dolorida podendo apresentar bolhas ou manchas vermelhas, normalmente restritas a um lado do corpo.
Outro problema que pode surgir na pele, decorrente do sol tomado a vida toda e da diminuição da imunidade, é o câncer da pele. Qualquer lesão persistente na pele, que não esteja cicatrizando, ou pinta ou mancha que se modifica deve ser examinada por um dermatologista para descartar ou confirmar esses diagnósticos.
“Entre os cuidados diários da pele envelhecida, recomendamos: banhos mornos, com sabonetes delicados que não façam tanta espuma e hidratação com cremes emolientes. Esses cremes devem ser passados, de preferência, com a pele ainda úmida, logo após o banho. Dependendo da característica de cada um, é possível utilizar hidratantes a base de glicerina, ureia ou mesmo alguns mais sofisticados, que contêm as gorduras normalmente encontradas na pele humana. Isso ajuda a manter a pele hidratada e evita a coceira. Também a torna mais resistente a infecções oportunistas, por diminuir o trauma e, portanto, reduzir microlesões que facilitariam a penetração de agentes infecciosos”, finalizou a médica dermatologista.
É importante que a pele do idoso seja examinada ativamente, uma vez por ano, em busca de lesões malignas e pré-malignas, para que haja diagnóstico e tratamento precoces, evitando assim cirurgias maiores e mais traumáticas.
Mitos e Verdades sobre o envelhecimento da pele
O tipo de pele interfere no processo de envelhecimento?
Verdade. Alguns tipos são mais propensos, como é o caso da cútis clara e seca. A negra e a oriental têm menor tendência, assim como a pele oleosa.
Usar cremes noturnos pode fazer mal por não deixar a cútis respirar?
Verdade, apenas se for usados cremes muito oleosos com a capacidade de obstruir os poros e, portanto, devem ser evitados.
Os cremes anti-idade devem ser usados a partir dos 25 anos?
Verdade. O sol que tomamos na infância e adolescência contribuem para o envelhecimento da pele e, a partir de 20 anos, pode haver sinais de envelhecimento se a proteção solar não foi adequada. Cremes adequados para essa faixa etária devem ser usados para amenizar a progressão do envelhecimento.
É verdade que todos os FPS (fator de proteção solar) acima de 15 têm o mesmo efeito de proteção solar?
Mito. Os FPS mais altos têm efeito mais intenso, no que diz respeito à proteção solar. Pessoas em tratamento cutâneo, que usam ácidos ou com pele sensível, como idosos e crianças, devem utilizar protetores com fatores mais altos. Estudos apontam que o FPS 15 é seguro e indicado para utilização diária, pois, já é o suficiente para evitar os efeitos deletérios do sol.
Hidratantes após exposição ao sol – Você passou o dia inteiro no sol e ao chegar em casa passa um hidratante para evitar o envelhecimento? Pois esta ação não vai impedir que apareçam rugas na sua pele. O creme tem a função, apenas, de combater o ressecamento. Use sempre protetor solar.
Tenha uma coleção de cremes para pele – Você não precisa de uma lista imensa de produtos para retardar o envelhecimento da pele. Se escolher o produto certo, que combina com seu tipo de pele, já está cuidando do seu rosto de maneira adequada. É importante que você tenha um creme para o dia, com protetor solar, e um creme para a noite.
A poluição eletromagnética modifica muitos fatores na pele
Verdade. Não é possível enxergar as ondas eletromagnéticas, mas convivemos com elas o tempo todo. Telefones celulares emitem radiação eletromagnética, por exemplo, por isso estamos sempre expostos a esse tipo de poluição. Como a pele é nossa primeira barreira de proteção, ela pode ser afetada. Essas ondas induzem ao estresse oxidativo celular, o que causa danos em componentes das células, além de danos ao DNA, alterações no processo de regeneração celular e envelhecimento. Tudo isso irá afetar a estrutura e aparência da pele.
A exposição à poluição afeta toda a população de forma igual
Mito. A poluição ambiental pode acontecer por causa de diferentes substâncias, originadas da emissão de gases e materiais particulados. Esses materiais são partículas extremamente pequenas constituídas por uma mistura complexa de sólidos com diâmetro reduzido, que podem permear na pele e cabelo e se originam principalmente da queima de combustíveis fósseis, emissões de amônia na agricultura e emissões decorrentes de obras e pavimentação de vias. Os poluentes modificam a composição normal do ar, água e solos, causando danos aos seres vivos e recursos naturais. Os efeitos que cada poluente terá na saúde humana dependem de vários fatores e, além do tamanho da partícula, deve-se considerar o tempo de exposição, quantidade de poluente que a pessoa é exposta, suscetibilidade individual, idade e local onde a pessoa mora. Assim, essas condições determinam a extensão dos danos à saúde que a poluição trará, e variam de pessoa para pessoa. Mas algo é certo: a poluição é nociva para todos! Por isso a segurança e medidas de diminuição da poluição devem ser sempre uma prioridade