Hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre, inaugurou, na manhã de ontem, a primeira fase do Hospital do Câncer. Estruturado com recursos próprios, o local vai duplicar a capacidade de tratamentos quimioterápicos e mais do que duplicar as consultas mensais. O novo espaço possibilita realizar 8,6 mil consultas e 2,1 mil quimioterapias a cada mês. Para entregar essa primeira etapa, a instituição investiu R$ 12 milhões. Estima-se que a obra seja concluída entre o fim de 2018 e o início de 2019.
Situada no segundo piso do Centro Clínico, no bairro Menino Deus, a área de 2 mil m² foi reestruturada para que os pacientes possam receber atendimento multidisciplinar que vai além do trabalho de oncologistas. Há consultórios de radioterapeutas, psicólogos e nutricionistas, que completam o cuidado integrado ao paciente. Considerando cada detalhe do processo de humanização do atendimento hospitalar, a ala de quimioterapia foi cuidadosamente reformada pensando no acolhimento de pacientes e acompanhantes. Com a ampliação, o hospital conta com 15 salas para tratamento — antes, eram oito — com camas e poltronas.
— Tentamos criar um ambiente confortável para torná-lo o mais parecido possível com a casa do paciente. Alguns ficam até seis horas aqui — comenta Débora Schroeter, coordenadora assistencial da instituição.
Um dos destaques da área é a Galeria dos Guerreiros. Idealizado pelo conselho consultivo de pacientes, o espaço é destinado a registrar mensagens daqueles que finalizaram o tratamento, estimulando quem ainda passará pelo processo.
Segunda etapa prevista para 2018
Conforme o diretor do Hospital do Câncer, Carlos Barrios, a expectativa é de entregar a segunda etapa no primeiro trimestre do ano que vem. Ela deve contemplar a readequação e reforma das áreas assistenciais do Hospital Mãe de Deus, designando dois andares exclusivamente para oncologia. Também estão previstas melhorias no bloco cirúrgico, na emergência e na CTI, além da criação de uma área para tratamento de leucemia e transplante de medula óssea. A última fase da obra consiste em um prédio que vai ampliar a área de tratamento e radioterapia. O investimento é de R$ 70 milhões.
Todos os esforços para o desenvolvimento da nova estrutura estão direcionados para a situação epidemiológica que o câncer representa. Crescendo em proporções preocupantes, a doença poderá ser a principal causa de mortes na Capital nos próximos anos.
— O câncer é responsável por entre 23% e 24% das mortes, enquanto as doenças cardiovasculares somam de 26% a 27%. Se olharmos o que ocorreu nos últimos sete anos, percebemos que a mortalidade por doenças cardiovasculares diminuiu 4%. Enquanto isso, no mesmo período, a do câncer subiu 12%. O Hospital do Câncer é a nossa resposta a essa realidade — diz Barrios.
Alceu Alves Silva, superintendente executivo do Sistema Mãe de Deus, ressalta que toda a mobilização faz parte de um projeto de ampliação e desenvolvimento do que já é oferecido atualmente pela casa de saúde. Anualmente, o Mãe de Deus atende cerca de 75 mil pacientes oncológicos. O Hospital do Câncer atenderá pacientes de aproximadamente 50 planos de saúde e particulares.
Inteligência artificial impulsiona tratamentos
Uma das novas armas que o Hospital do Câncer traz para combater a doença é um sistema de inteligência artificial desenvolvido pela IBM. O Watson for Oncology tem acesso as pesquisas mais recentes sobre o câncer, facilitando a prescrição de tratamento, apontando possíveis efeitos colaterais e indicando interferência em outros medicamentos.
Contando com um banco de dados com mais de 15 milhões de informações científicas, a plataforma é alimentada diariamente e consegue criar um relatório único e personalizado de acordo com todo o histórico do paciente.