Biotecnologia é a nova atração na Bolsa de Nova York
Valor Econômico
04/06/2013

Biotecnologia é a nova atração na Bolsa de Nova York

Por Arash Massoudi | Financial Times, de Nova York

Uma das mais arriscadas apostas em ações realizadas em Wall Street está de volta. Numa tentativa de encontrar a próxima grande sensação no setor médico, investidores despejaram US$ 725 milhões em dez emissões de ações de empresas de biotecnologia que estão querendo criar medicamentos para tratar doenças como a esclerose múltipla e a hepatite C.

A melhoria do humor do mercado de ações dos Estados Unidos vem se mostrando uma benção para essas companhias, normalmente classificadas entre os investimentos mais especulativos, enquanto elas tentam surgir com o próximo milagre da medicina.

Como resultado, pequenas empresas de biotecnologia, que têm dificuldades para despertar o interesse dos investidores de crédito por carecerem de fluxo de caixa, estão abrindo o capital no ritmo mais acelerado em uma década.

Dez companhias de biotecnologia já listaram suas ações no mercado de ações dos EUA este ano, respondendo por 14% de todas as aberturas de capital (ofertas públicas iniciais de ações, ou IPO, na sigla em inglês) realizadas no país, e pelo menos outras sete estão preparando lançamentos para os próximos meses, segundo informação da Dealogic.

Com dados do setor mostrando que, em média, apenas uma de cada dez companhias de biotecnologia lançam com sucesso um medicamento, os riscos são grandes. Mas o investimento certo em uma empresa que promete um medicamento inovador pode levar a retornos fora do normal para os investidores iniciais.

O grande aumento das listagens ocorre no momento em que companhias de biotecnologia que já têm o capital aberto apresentam desempenhos acima da média do mercado. O índice Nasdaq Biotechnology acumula uma valorização de 32% desde o começo do ano, superando em muito sua alta recorde anterior, estabelecida durante a era pontocom, e também superando em muito a valorização do índice Standard & Poor's 500 (S&P 500), de 16%.

"Definitivamente está havendo um aumento da tomada de risco por causa da extensão com que o setor vem superando o desempenho médio do mercado", diz Steven Silver, analista de biotecnologia da S&P Capital IQ.

O interessa está vindo de uma ampla base de investidores dispostos a assumir riscos e que foram alimentados pela reação em cadeia provocada pelo afrouxamento monetário global. Banqueiros afirmam que nunca foi tão fácil abrir o capital de uma companhia de biotecnologia, com os preços das operações chegando a patamares bastante altos.

Os investidores do lado da procura, como fundos de hedge e investidores institucionais, estão revendo suas oportunidades de aplicações no setor, segundo afirmam banqueiros. Os negócios estão no geral envolvendo empresas especializadas.

A maior disposição em assumir riscos está permitindo que as companhias que se encontram nos estágios iniciais de desenvolvimento de medicamentos, incluindo alguns que ainda não passaram por testes clínicos, recorrer ao mercado.

"A regra geral de que uma companhia de biotecnologia precisa alcançar uma certa fase de progresso não mais se aplica", diz Michael Zeidel, advogado da Skadden, Arps, Slate, Meagher & Flom especializado em mercados de capitais. "Um número maior de negócios vem sendo feito por empresas em estágios iniciais de desenvolvimento de medicamentos."

Steven Silver acrescenta que os registros de longo prazo do setor mostram uma taxa de sucesso de apenas 10% para uma companhia de biotecnologia que lança uma droga no mercado.

O setor também vem sendo um dos maiores beneficiários da lei conhecida como Jumpstart Our Business Startups (Jobs) Act, que foi sancionada em abril e elaborada para facilitara abertura de capital para empresas iniciantes.

 

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