Dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que, em 2014, apenas 6,8% do orçamento público brasileiro foi destinado à saúde. O cálculo levou em conta a soma das despesas da União, dos estados e municípios. Trata-se do pior desempenho neste item registrado desde 2010. De 2013 para 2014, a queda no índice foi de 4%. Em comparação com o número de 2010, o recuo chegou a 32%. O retrato também fica longe do ideal quando comparado com outros países.
A proporção brasileira é a terceira pior entre os 35 países que compõem o continente americano – à frente apenas do Haiti e da Venezuela – e está abaixo da média mundial, fixada em 11,7%. Para o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, o relatório é coerente com a realidade nacional e reflete o histórico e crônico subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
“É uma posição nada lisonjeira para quem se coloca entre os países mais ricos do mundo, com pretensões de assumir assento entre as maiores economias do mundo. Faz-se necessário entender a importância de ampliar o financiamento da saúde no Brasil, lição que Austrália, França, Espanha, Canadá e Inglaterra – que possuem sistemas universais de saúde que inspiraram nossos gestores – já aprenderam”, defendeu Vital.
Nas nações citadas pelo presidente, as despesas públicas com saúde oscilaram de 14,5% (Espanha) a 18,8% (Canadá) do orçamento nacional. Atualmente, a taxa brasileira é também inferior à média da África (9,9%), dividindo o mesmo pódio no placar mundial com países como Gana, Tajiquistão, Omã e Mongólia.
Ao longo dos anos, o Brasil tem apresentado um desempenho irregular. Em 2000, esse percentual era de 4,1% e, em 2010, já atingia 9,9%. No entanto, desde então, as quedas têm sido seguidas. Em alguns países, a proporção destinada para a saúde chega a ser três vezes o índice brasileiro. É o caso, por exemplo, dos Estados Unidos, onde 21,3% do orçamento nacional foi para a saúde. Outras nações em desenvolvimento também obtiveram índice elevado, tais como Uruguai (20%), Costa Rica (23%) e Nicarágua (24%).