O laboratório de análises clínicas Hermes Pardini, que abriu capital na bolsa em fevereiro, captando quase R$ 878 milhões, deve fechar mais duas aquisições relevantes neste ano, disse ao Valor seu vice-presidente Alessandro Ferreira.
Uma das empresas, cujos nomes ele preferiu manter sob sigilo, é especializada em medicina de precisão e atua na região Sudeste. A outra é um laboratório de análises clínicas tradicional.
A medicina de precisão, que ancora exames no DNA do paciente, ganhando tempo no diagnóstico e no tratamento, é considerada área estratégica pelo grupo mineiro, o terceiro maior do setor de medicina diagnóstica do país, atrás de Dasa e Fleury.
Ferreira explica que o modelo tradicional de diagnóstico laboratorial usado atualmente para câncer, por exemplo, "os exames podem levar meses, entre idas e vindas".
Com a medicina de precisão, o primeiro exame já indica "qual é o tipo de câncer e quais medicamentos funcionam ou não naquele paciente." O diagnóstico e o tratamento sugerido podem ser entregues ao paciente em até dez dias.
O grupo abriu sua unidade de medicina de precisão em janeiro deste ano. Em cinco meses, o faturamento desse negócio cresceu 45%. Os exames são caros, mas, os planos de saúde costumam dar cobertura, disse Ferreira.
Ele também cita outras três áreas para as quais o Hermes Pardini está se voltando com grande interesse. A neuropsiquiatria, com destaque para enfermidades ligadas a ansiedade e demências em geral, a cardiologia e exames relacionados ao bem-estar (como check up e medição de determinadas vitaminas no organismo).
"Estas áreas estão atraindo grandes investimentos no mundo. O Hermes Pardini não está sozinho nessa avaliação", diz o vice-presidente, há 19 anos no Hermes Pardini e doutor em genética molecular pela Universidade Federal de Minas Gerais.
A companhia também mantém conversas com empresas no Nordeste e no Sul, em especial Paraná e Santa Catarina. Se as conversas prosperarem, o Hermes Pardini acelera sua entrada nessas regiões.
Foi usando a estratégia de aquisições que a empresa entrou com mais força no Rio de Janeiro, em dezembro, quando comprou o laboratório Medicina Guanabara, que consegue produzir internamente exames para consumidores das faixas de renda B2 e C.
Para mapear oportunidades, o grupo montou um time interno, coordenado pela área financeira. Ferreira observa, contudo, que é o crescimento orgânico que tem sido mais importante para o grupo.
O modelo "lab to lab" - pelo qual laboratórios de menor porte "captam" clientes e enviam os exames para serem feitos pelo Hermes Pardini, em Confins (MG) - vem registrando expansão vigorosa. Esse tipo de serviço cresce a uma taxa anual de 20% a 25% e já equivale a 55% da receita total.
O restante do faturamento vem das 111 unidades próprias. Pelo sistema "lab to lab", a empresa atende cerca de 5,4 mil clientes, entre laboratórios e hospitais, em 1,8 mil cidades.
Hermes Pardini, cuja receita no ano passado cresceu 16,5%, chegando a quase R$ 900 milhões, com lucro de R$ 103 milhões, tem 111 unidades próprias em Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro. Planeja abrir mais três neste ano.