A fabricante alemã de testes de diagnóstico Euroimmun, que acaba de ser comprada pela americana PerkinElmer por U$ 1,3 bilhão, se prepara para colocar em operação sua primeira fábrica no Brasil. A unidade, localizada em São Caetano do Sul (SP), será também a primeira no país voltada à produção de testes de zika e chikungunya.
Apesar do investimento inicial ser relativamente baixo, de R$ 8,5 milhões, a nova fábrica trará inovação ao mercado brasileiro e a filial será a única, fora da Alemanha, a contar com um centro de pesquisa e desenvolvimento, de acordo com o executivo-chefe da operação local, Gustavo Janaudis.
Com a instalação desse centro, explica o executivo, a meta é transformar o país em plataforma de desenvolvimento de produtos, como marcadores tumorais por exemplo, que ainda não estão no portfólio da empresa de diagnóstico laboratorial.
Da fábrica brasileira também sairão unidades de diagnóstico (biochips, na linguagem técnica) para mercados internacionais - de partida, a ideia é produzir localmente os 20 produtos mais vendidos da empresa, entre os quais testes de zika, chikungunya, anticorpos antinucleares e testes em tecidos e células.
"O objetivo estratégico de ter uma fábrica no Brasil existe há cinco anos, mas aceleramos o plano no último ano com a estabilização de nosso mercado", afirma Janaudis. Uma restrição legal de envio de amostras biológicas para fora do país também dá suporte ao investimento na fabricação local de testes de diagnóstico. "Trata-se de uma produção compacta, mas de alto valor agregado", diz, referindo-se à área de 1,4 mil metros quadrados que abrigará a unidade.
A Euroimmun fornece biochips para laboratórios, hospitais e universidades e há equilíbrio entre as vendas do mercado público e ao privado (cada um responde por cerca de 35% dos negócios no Brasil). Mundialmente, a alemã é líder em diagnóstico de doenças autoimunes e, com a fábrica, se tornará a maior fabricante no Brasil de testes para dengue - além de zika e chikungunya. A expectativa é a de que a nova fábrica comece a produzir unidades de diagnóstico em janeiro.
A Euroimmun já obteve da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a licença para a produção local de testes de diagnóstico de zika, dengue e chikungunya, que hoje são importados. De acordo com Janaudis, a produção nacional poderá chegar a até 80 mil unidades por dia numa segunda fase de expansão da fábrica. No primeiro momento, a capacidade produtiva será de 40 mil unidades, frente a 18 mil unidades diárias importadas atualmente.
Fundador da Euroimmun e executivo-chefe, o professor Winfried Stöcker disse em nota, após assinar transferência de sua participação para a PerkinElmer, que é essencial manter o crescimento da empresa. Nos últimos cinco, as receitas cresceram com taxa média anual de 19% e, em 2017, a expectativa é de faturamento de US$ 310 milhões.
De acordo com Janaudis, a mudança de mãos não deve mudar a estratégia comercial e de desenvolvimento de produtos da Euroimmun, já que os portfólios são complementares. Sozinha, a empresa alemã tem 160 produtos registrados na Anvisa. A PerkinElmer, por sua vez, tem forte atuação em diagnóstico neonatal.