A Oncoclínicas, rede de clínicas para tratamento de câncer controlada pelos fundos Victoria Capital e do Goldman Sachs, prevê encerrar o ano com uma receita de R$ 1 bilhão, o que representa uma alta de 40% em relação a 2016. "Desse crescimento, 30% virão de expansão orgânica e os demais 10% de aquisições de clínicas e parcerias com hospitais", disse Luis Natel, presidente da Oncoclínicas. O grupo tem um desempenho um pouco melhor em relação ao setor que cresce em média 35% por ano.
A Oncoclínicas determinou como prioridades nos próximos anos a expansão na área de radioterapia, parcerias com hospitais e investimento em tecnologia como inteligência artificial.
Atualmente, o grupo conta com 44 clínicas distribuídas em 10 Estados e parcerias com 13 hospitais no país como Alemão Oswaldo Cruz, HCor, 9 de Julho e BP Mirante (ex-São José da Beneficência Portuguesa). Nas parcerias, a Oncoclínicas assume (totalmente ou parcialmente) a área de oncologia desses hospitais ou constrói uma unidade de atendimento. O grupo está por exemplo, erguendo uma unidade junto com o Hospital Biocor, em Belo Horizonte.
Outra frente da Oncoclínicas é a área de radioterapia que hoje equivale a menos de 10% da receita. Praticamente todo o negócio vem de procedimentos de quimioterapia. Mas a expectativa é que a radioterapia passe a representar 50% do faturamento nos próximos dois anos. Para isso, o grupo adquiriu 13 equipamentos de radioterapia da americana Varian - hoje o grupo possui apenas três dessas máquinas. Natel não revela o valor do contrato, mas no mercado esse equipamento custa em torno de US$ 3,5 milhões. "Nossa expectativa é que as máquinas estejam instaladas em três anos. Após esse período, podemos adquirir mais 13", disse o presidente da Oncoclínicas. A instalação de uma máquina de radioterapia envolve ainda investimento em infraestrutura no local, como blindar as paredes, o que eleva os gastos para cerca de R$ 15 milhões.
As atenções da rede de clínicas estão voltadas também para inteligência artificial. A empresa acaba de firmar uma parceria com a Microsoft, que fornecerá um software de inteligência artificial que ajudará os médicos nas sessões de radioterapia. "O software identifica o tumor, sugere o tratamento e mostra com precisão os órgãos adjancentes que não podem ser atingidos na radioterapia. Com essas informações o médico pode ser mais assertivo", disse Alessandro Jannuzzi, diretor de inovação e novas tecnologias da Microsoft Brasil.
Outra iniciativa é uma parceria entre Oncoclínicas, Microsoft e USP para o desenvolvimento de um banco de dados com pacientes oncológicos. "Estamos criando uma plataforma com dados dos nossos pacientes e da rede pública de saúde. Vamos cruzar informações sobre os novos tratamentos e medicamentos para que sejam adotados os protocolos médicos mais adequados para cada tipo de paciente", afirmou João Alvarenga, diretor de tecnologia e inovação da Oncoclínicas.