O ritmo de vendas de medicamentos genéricos está mais lento. Apesar do crescimento de vendas mês a mês desse tipo de remédio, o movimento de expansão acelerado, observado sobretudo entre 2010 e 2011, quando importantes patentes expiraram, perdeu força. Isso não significa, contudo, que o setor está em crise. O pisca alerta foi ligado e os laboratórios tentam descobrir caminhos para continuar avançando acima de dois dígitos
Em abril, as vendas de genéricos alcançaram 65,321 milhões de unidades, alta de 26% sobre igual período do ano passado, de acordo com dados obtidos pelo Valor com fontes do setor. Em receita, os genéricos atingiram US$ 570,5 milhões, aumento de 23% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Quando se analisa os dados consolidados do ano até abril, há uma ligeira retração de crescimento. De janeiro a abril, as vendas desse tipo de medicamento somaram 242,2 milhões de unidades, 18% de elevação sobre os primeiros quatro meses do ano passado. Em receita, totalizou US$ 2,044 bilhões, alta de 12% sobre o mesmo período de 2012.
A elevação dos custos de produção e a consequente queda das margens levaram algumas indústrias a reduzir os descontos concedidos nos medicamentos. Por lei, os genéricos são 35% mais baratos que os de referência. Mas a média de descontos sobre esses produtos superava os 50%. As indústrias acreditam que o mercado de genéricos continuará firme, mas não com o mesmo fôlego dos últimos meses.
Com as margens mais apertadas, muitas indústrias passaram a rever suas estratégias agressivas de descontos. Na prática, alguns medicamentos de referência e os similares já estão até mais baratos que seus genéricos.
Levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), feito no início de abril, mostra que alguns genéricos estão mais caros do que os produtos de referência. Casos do omeprazol, que está cotado a R$ 66,40 no mercado (20 mg com 28 cápsulas), enquanto o seu similar (marca Peprazol) sai a R$ 64,57. O azitromicina (500 mg com dois comprimidos) sai a R$ 20,31, enquanto o de referência (Zitromax) está R$ 20,31. O cloridrato de sertalina (50 mg com 38 comprimidos) sai a R$ 65,62, enquanto o Zoloft (referência) está R$ 64,67.
No início de abril, a resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), publicada no Diário Oficial da União, autorizou reajuste de até 6,31% nos preços dos remédios. As indústrias farmacêuticas consideraram o índice baixo e alegaram que o reajuste não repõe o aumento de custos de produção.
O Idec discorda da reclamação dos laboratórios. Uma pesquisa sobre preços de medicamentos, realizada pelo instituto em fevereiro, apontou que 65% dos 40 produtos analisados (referência, genérico e similar) apresentaram o preço médio com reajuste em relação à mesma pesquisa de 2009. Nesse período, 13 produtos (32,5%) ficaram acima da inflação acumulada medida pelo IPCA. Para uma inflação no período de 25%, os remédios estavam entre 26% e 52% mais caros. E 14 medicamentos (35% da amostra) registraram queda no preço médio (entre -3% e -64%). Ainda de acordo com o Idec, o preço teto da política de regulação está elevado, distante do que é praticado pelo mercado.